Por várias décadas as entidades assistenciais têm feito o papel do Poder Público, ao cuidar de crianças, idosos, dependentes químicos e moradores de rua. Fizeram de tudo para manter as dispensas cheias, oferecer atendimentos médicos, psicológicos, alimentos e roupas, enfim, dar dignidade para quem é ignorado pela sociedade. Agora, em tempos de desemprego e crise econômica, as instituições sofrem ainda mais do que qualquer setor da economia.
As doações cessaram, faltam recursos para o básico, nem os bazares, eventos beneficentes e as parcas subvenções conseguem fazer com que os asilos, orfanatos e outras instituições fechem as contas no final do mês. Várias delas já fecharam. Os atendidos ou ficaram desamparados ou vão onerar os cofres públicos.
Neste momento, as entidades precisam de ajuda e algo precisa ser feito urgentemente. As prefeituras, as empresas e a sociedade como um todo devem encontrar uma forma de suprir as necessidades destas obras sociais. O poder público, principalmente, tem de socorrer até como forma de reconhecimento do trabalho das instituições. É a oportunidade de reassumir o papel constitucional de cuidar do povo.
Antes, porém, vão os prefeitos tentar fazer auditorias, apurar os culpados, enquanto quem precisa de atendimento não pode esperar. Que apurem responsabilidades, mas mantenham o serviço em pé. Essa história de décadas e os ideais que balizaram a fundação das instituições não podem se perder. O fato é que, enquanto as instituições faziam o que é obrigação do Poder Público, o próprio ficava quieto, sem se mover. Agora é a hora de se mobilizar, buscar soluções criativas, como já fizeram este ano para evitar o fechamento das montadoras de automóveis. Provaram que é possível, com ações, fazer algo, antes do colapso.