Após dois meses de polêmica a Câmara de São Bernardo aprovou nesta quarta-feira (12), as duas contas do ex-prefeito Luiz Marinho (PT) em relação aos anos de 2015 e 2016. Mudanças de votos impediram o resultado positivo para o projeto da Comissão Mista que pedia a rejeição das avaliações de gestão. Nos bastidores, vereadores governistas que não votaram com a maior parte da base vão perder espaço nas próximas votações.
A sessão não teve grandes movimentações. Na tribuna, apenas os governistas Pery Cartola (PSDB) e Bispo João Batista (PRB) defenderam a rejeição. O presidente da Casa, Ramon Ramos (PDT), usou seu discurso para agradecer a paciência dos colegas de Legislativo e Julinho Fuzari (Cidadania) afirmou que o projeto não estava pronto para ser votado. Marinho não fez sua defesa oral, algo que aconteceu “após pedidos de vereadores, inclusive da base do governo”, segundo o petista.
As duas votações contaram com a mesma votação. Eram necessários 19 votos pela rejeição, mas 18 vereadores seguiram este caminho. Seis votaram pela aprovação (bancada petista e José Alves da Silva, o Índio – PL) e outros escolheram a abstenção (Dr. Manuel e Julinho Fuzari, ambos do Cidadania, Mauro Miaguti – DEM e Rafael Demarchi – PRB).
“O resultado não era o que eu esperava. Todos os pareceres estavam mais próximos da rejeição do que da aprovação. O Parlamento é soberano e a sua decisão é soberana. E deixa o ex-prefeito Luiz Marinho apto para participar de qualquer disputa eleitoral”, disse Cartola que votou para rejeição por vários motivos, entre eles, as investigações de supostas irregularidades na construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador, e problemas na Saúde, principalmente o caso de 21 pessoas que perderam a visão, em 2016, após atendimento no Hospital de Clínicas.
“Se o Tribunal de Contas, um órgão técnico e que toda a capacidade de análise aprovou as contas nos oito anos da gestão do ex-prefeito Marinho, então não poderíamos ter um caminho diferente. Os vereadores que votaram pela rejeição devem ter se equivocado em alguma questão”, relatou Antônio Carlos da Silva (PT).
Mudanças de votos irritam governistas
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Em comparação com a votação ocorrida em 20 de junho de 2018, que culminou com a reprovação das contas de Luiz Marinho em relação ao ano de 2015 foram seis mudanças levando em conta vereadores que poderiam votar tanto neste caso quanto nesta quarta, sendo três de vereadores governistas, fato que irritou aliados do Poder Executivo de São Bernardo.
Rafael Demarchi, que votou pela rejeição no ano passado, afirmou que sua de decisão pela abstenção aconteceu após ter procurado os procuradores Câmara, que indicou a aprovação das contas. Como ainda existiam dúvidas sobre os pareceres do Tribunal de Contas (favorável) e do Ministério Público de Contas (contrário), Demarchi preferiu a neutralidade.
Apesar da mudança, o republicano não espera represálias. “Essa votação não tem relação com o Governo, foi algo do Legislativo com o Tribunal de Contas e com o Marinho, nada com a relação com o governo Orlando Morando (PSDB)”, explicou.
Mauro Miaguti que estava ausente na primeira votação, também se absteve nas duas votações que ocorreram no Legislativo, pois, resolveu seguir o Tribunal de Contas. Questionado sobre as consequências, o democrata afirmou que não haverá mudanças. “Acho que não vai ter mudanças, pelo menos não da minha parte”.
Índio teve a principal mudança, do voto pela rejeição em 2018 para a aprovação de 2019. “Eu conversei com meus dois advogados para saber se tinha algum impedimento, mas não tinha nada, então votei pela aprovação”. O parlamentar afirmou que continua votando “nos bons projetos” do Executivo, independente de qualquer posicionamento futuro.
Pery Cartola considera que não haja qualquer movimentação do Governo para retaliar os vereadores “dissidentes”. “Temos que enaltecer os 18 vereadores que votaram pela rejeição, temos que falar deste grupo. Em relação aos demais vereadores, temos que conversar depois e ver o que vai acontecer. Não foi uma derrota, temos 18 vereadores”.
Entre as outras mudanças. Julinho Fuzari se absteve nesta quarta, enquanto votou pela rejeição em 2018. Dr. Manuel que estava ausente no primeiro julgamento, desta vez se absteve. Bispo João Batista que também não estava no plenário em 20 de junho de 2018 resolveu votar pela rejeição das contas.
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