Abandonada, Pedra do Elefante em Ribeirão afugenta turistas

Rua Miro Attilio Peduzzi tem pontos intransitáveis (Foto: Pedro Diogo)

Conhecida por oferecer a paisagem mais bela da região, a Pedra do Elefante, localizada a 977,7 metros do nível do mar, no bairro Quarta Divisão, deixou de ser uma das pérolas da Estância Turística, em Ribeirão Pires. O espaço, que antes era visitado por praticantes de rapel, escalada e crianças em passeios escolares, deu lugar ao abandono, matagal, estrada com crateras e insegurança.

Para chegar à famosa pedra turística – que se assemelha a um elefante de costas – é preciso percorrer caminho de terra cercado pela Mata Atlântica. A subida é íngreme e exige esforço dos aventureiros para desviar das valas e chegar ao ponto final. Sem receber manutenção, o acesso à Pedra do Elefante que já era difícil, ficou ainda pior.

Newsletter RD

A carioca Maria Antonia de Pádua Félix, que voltou à cidade após quase 30 anos, se assustou. “Tentei levar o meu marido para conhecer a pedra, mas não conseguimos subir a estrada, pois o carro empacou logo no começo por conta da lama e buracos”, lamenta, ao se lembrar do local quando era adolescente. “Era um lugar bonito, com gramado, frequentado por famílias e estudantes. Agora está assim (abandonado), não acredito”, diz.

Parte do trajeto, que era possível fazer apenas com Jeep, a pé ou com moto de trilha, também está inviabilizado. “Para quem gosta de trilha, era uma aventura. Agora não dá para passar, os buracos estão profundos”, conta Fábio Martins, visitante e participante do Jeep Clube de Mauá. Martins lembra das vezes que precisou colocar galhos de árvores nos buracos para os veículos passarem. “Foi a única saída e, mesmo assim, já precisamos empurrar o Jeep”, conta.

A insegurança é outro problema. Segundo os moradores do entorno, há bifurcações na estrada utilizadas por usuários de drogas e ladrões que acessam a travessa principal (rua Miro Attilio Peduzzi) para surpreender as vítimas. “Não tem rondas para a segurança de quem vem por aqui. Vira e mexe alguém é assaltado na rua (que dá acesso à estrada)”, diz um morador que não quis ser identificado.

Outra reclamação é sobre a falta de placas de identificação para ajudar os visitantes. “Já viram pessoas do interior só pra conhecer a pedra, e ficaram perdidas no começo da estrada, pois não tem placa. Se não fôssemos nós, moradores, para ajudar, voltariam para casa sem ver nada”, acrescenta.

Selo de estância
Há 20 anos, Ribeirão foi contemplado com selo de Estância Turística, título concedido pelo governo do Estado. No entanto, em 2015, o município quase perdeu o título, que garante por ano R$ 4 milhões aos cofres do Paço para investimento no turismo, por não aplicar no setor. Desde então, a administração passou a trabalhar no fomento da área.

Em 2018, a cidade foi contemplada pelo Ministério do Turismo com o Selo + Turismo, que garante análise prioritária para obtenção de recursos junto ao governo federal. No ano, três projetos foram apresentados: reforma do Teatro Municipal Euclides Menato, Parque Municipal Pérola da Serra e a construção do Parque Linear, na avenida Prefeito Valdírio Prisco, com investimento de R$ 9,5 milhões.

Em paralelo a isso, por meio de convênio com o Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento de Municípios), Ribeirão Pires recebeu outros R$ 10 milhões para construção do Boulevard Gastronômico, fases 1 e 2, e do Parque Oriental, ambos no centro. Apesar dos dois projetos em andamento, a turística Pedra do Elefante segue esquecida. Questionada, a Prefeitura de Ribeirão Pires não se manifestou até o fechamento da reportagem.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes