Os maiores desafios das prefeituras do ABC, no Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, são garantir o destino correto para o lixo e aumentar os percentuais de coleta e tratamento de esgotos, além de frear a ocupação irregular de áreas de preservação. A saída está no recurso financeiro. Existem várias formas de se obter o dinheiro para estas áreas, da fonte mais óbvia, Estado e União, com financiamento internacional, ou das empresas que exploram os recursos naturais.
No quesito tratamento de esgotos, São Caetano é o único município do ABC que coleta e trata 100%. Em Diadema, o percentual de tratamento é de 48,2% e a meta é atingir 98% até 2025. Na cidade o serviço é feito pela Sabesp, que também opera os serviços de água e esgoto em São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que não informaram percentuais de tratamento. Em Santo André, o serviço é feito pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental). Na cidade, 46% do esgoto coletado vão para a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) do ABC. A meta da autarquia é alcançar os 100% até 2021.
Em Mauá, o serviço de coleta e tratamento de esgoto é feito desde 2017 pela BRK, que espera atingir a totalidade em cinco anos. Hoje, a concessionária recolhe 93% dos dejetos e trata 74%. O diretor da companhia, Cleber Renato Virgínio da Silva, conta que o índice é um dos maiores da região metropolitana de São Paulo. “A chave é o investimento. Desde que assumimos a cidade, em 2017, já investimos R$ 250 milhões e com mais R$ 50 milhões vamos alcançar os 100% de tratamento. Aí seremos a cidade com 100% de coleta e 100% de tratamento”, aposta. Na primeira semana de junho a empresa vai reforçar o atendimento na estação de tratamento para visitas. A BRK é a segunda maior empresa de tratamento de água do País, depois da Sabesp.
O coordenador do GT de Meio Ambiente do Consórcio Intermunicipal, Murilo Valle, diz que a entidade quer ser o canal para soluções conjuntas na área. “Nossos municípios são tão diferentes por questões geográficas e populacionais, mas estão no mesmo contexto”, avalia. Valle comenta que a região evoluiu nos aspectos legais e citou a Lei Específica da Billings que, no entanto, esbarra na falta de recursos. “Ela foi fruto de discussão de anos, seria plausível junto com a apresentação da lei a destinação de recurso para fiscalizar e fazer a regularização fundiária, planos de habitação e saneamento, pois os municípios não têm capacidade econômica para investir”, ressalta.
Valle afirma que uma das formas de captar recursos é o pagamento por serviços ambientais de quem usa a natureza. “Usou, tem de pagar”, avalia. O que vem de recursos do Estado, diz, é muito inferior em relação ao quanto os sete municípios contribuem para o sistema de abastecimento da região metropolitana. “Essa é uma pauta que eu vou insistir enquanto minhas cordas vocais aguentarem. Os municípios precisam receber uma cota para proteção dos recursos hídricos”, aponta.
A professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Marta Marcondes, diz que o maior desafio para as prefeituras é saneamento, resíduos sólidos, abastecimento de água e esgotos, porque as cidades cresceram muito e não houve planejamento. O desafio é trazer os planos de saneamento e de Mata Atlântica. “O ABC tem muito que garantir o abastecimento de água. Temos de preservar as nossas matas e aumentar. E também trabalhar um processo de educação ambiental”, ensina.
Destinação de resíduos é desafio
As prefeituras da região cada vez gastam mais com a deposição do lixo. Na última década adoraram sistemas de coleta seletiva, para separar o que é reciclável e reduzir o volume do que é encaminhado para os lixões. Sem opção, enviam os detritos para aterro particular em Mauá, que estuda taxa a ser cobrada de outros municípios.
Diadema encaminha para Mauá 9,4 mil toneladas de lixo por mês e para isso gasta R$ 2,2 milhões mensais em média. O volume poderia ser maior, não fosse o programa de coleta seletiva realizado por cooperativas, que recolhem 174 toneladas mensais de materiais.
São Bernardo recolhe das casas 20 mil toneladas de resíduos comuns em um mês e investe R$ 6 milhões para dar a destinação a esse material. As duas cooperativas de coleta de material reciclável processam mil toneladas mensais. A cidade conta também com 12 ecopontos para coleta de material reciclado, entulho e madeira, além de 180 pontos de entrega voluntário.
Mauá recolhe 8 toneladas mensais de lixo domiciliar. A cidade conta com 120 pontos de coleta de material reciclável, mas não informa quanto material reaproveitável coleta.
Santo André recolhe 18,8 mil toneladas mensais de lixo que vai para o próprio aterro. Em 2018, investiu R$ 108 milhões no serviço. Quanto ao lixo reciclável, conta com 21 estações de coleta do Semasa e outros 112 pontos de entrega voluntária. São 886 toneladas de materiais recicláveis recolhidos, encaminhadas para a Central de Triagem de Resíduos Recicláveis, no bairro Cidade São Jorge, onde as cooperativas Coopcicla e Cidade Limpa fazem a separação, revendem os materiais e revertem o ganho para 165 cooperados.
São Caetano coleta 5,5 mil toneladas de resíduos todo mês, mas não diz quanto isso custa aos cofres municipais. A cidade conta com coleta seletiva de porta em porta que recolhe mensalmente 150 toneladas. Ribeirão Pires e Rio Grande não deram informação.
ABC investe na sustentabilidade
São Caetano vai entregar até 2020 a primeira Instalação Modelo de Sustentabilidade. Será uma escola infantil na Praça Luiz Tortorello, com iluminação e ventilação naturais, dispositivos economizadores de água, coleta seletiva de resíduos sólidos, compostagem de resíduos orgânicos, pavimentação permeável e horta urbana. Dentro de um programa de redução de emissões, tem investido na implantação em ciclovia, com cerca de 12 km de extensão. Em razão do Dia Mundial do Meio Ambiente, a Escola de Ecologia realizará uma sequência de atividades especiais.
Diadema vai inaugurar dia 1º a Casa Ecológica – Museu da Vida, espaço de educação ao lado do Borboletário. O local vai abrigar exposições gratuitas de réplicas de animais e plantas, além de fósseis, pedras e objetos que explicam a origem do planeta e da vida.
A programação de inauguração começa com uma oficina de confecção de terrário, ministrada por técnicos do Museu Catavento, que é parceiro do Borboletário de Diadema. À tarde estão previstas várias palestras e visita ao Borboletário.
A programação do Junho Verde, em Santo André, é composta por mais de 30 atividades em espaços espalhados por toda a cidade. A abertura oficial da programação acontece no dia 5, com o lançamento da segunda edição do Concurso de Fotografia dos Parques de Santo André e o início da exposição das 20 fotos vencedoras do I Concurso de Fotografia no Parques, realizado em 2018. O evento acontece no shopping Atrium, às 19h, mas a exposição segue até 6 de julho.
Santo André tem, ainda, Caminhada Interparques, no domingo, dia 9, a partir das 8h, com saída da Concha Acústica até o Parque Celso Daniel. Onde acontece, nesta mesma data, feira vegana, a partir das 11h. Na Sabina, haverá exposição interativa inédita sobre consumo consciente e o circuito pegada ecológica, uma trilha de pegadas por todo espaço da Sabina, que leva a um divertido quiz.