Formar competentes profissionais para o mercado é uma das preocupações que as instituições educacionais de ensino superior têm e não acaba nunca. O caminho quase sempre é realizar mudanças em grades de aula e currículos de cursos, necessárias para que a formação converse adequadamente com as novas exigências das empresas públicas e privadas, constantemente influenciadas pelo surgimento de novas tecnologias, organização e gestão do trabalho.
Uma das instituições que prepara fazer mudanças no projeto pedagógico é a Faculdade de Tecnologia Termomecânica (FTT), em São Bernardo. Atenta à dinâmica do mundo corporativo, a faculdade fará ajustes em 2020, com intuito de alinhar o currículo ao novo cenário. As mudanças têm sido estruturadas a partir de muito estudo e troca de ideias com representantes do mercado e empresas parceiras. Por meio de reuniões e encontros periódicos, a faculdade quis entende o que as empresas esperam do novo profissional e, assim, oferecer formação além do nível técnico. “A gente vê as mudanças de expectativa e nos perguntamos: qual profissional queremos formar?”, questiona Luciana Guimarães Borges, diretora acadêmica.
Para os estudantes da FTT, as mudanças chegam de forma gradativa, por meio de atividades extras e cursos de extensão. Assim como no novo currículo, as atividades complementares abrangem inovação, tecnologia, estratégia e áreas comportamentais, como liderança e negociação. Além disso, a faculdade oferece atividades para desenvolver a formação cidadã, com projetos sociais, de comunicação não violenta e socioemocionais que visam cuidar também da postura profissional. “Estamos em dia com o que o mercado exige, mas essa atualização é constante”, comenta.
No Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), em São Caetano, a reforma curricular começou em 2014, com a mudança de visão sobre o que é o currículo oferecido pelos três cursos oferecidos pela instituição – engenharia, design e administração – e como os alunos se relacionam com as atividades propostas. Segundo Marcello Nitz, pró-reitor acadêmico, com essa mudança de visão, atividades que antes eram consideradas extracurriculares passaram a integrar a grade regular dos alunos e a fazer parte oficial da formação. “Entendemos que o currículo é bem mais amplo do que uma sequência de matérias”, diz.
Redução da carga horária – Com a mudança, a carga horária de algumas disciplinas diminuiu 15%, o que permitiu a realização de outras atividades. Nas mais de 150 opções oferecidas, profissionais do mercado e professores orientam nos projetos para estimular novos desafios e formas de resolver problemas. As atividades são abertas aos alunos de todos os semestres e cursos, com avaliações de acordo com as habilidades e competências. Além de projetos com foco em técnica, os alunos têm contato com projetos sociais, iniciação científica e praticam atividades para desenvolver competências socioemocionais, como coaching com profissionais da área.
Tantas mudanças exigiram reforma no campus, que agora opera com laboratórios e salas de aula reformulados, com uso de recursos tecnológicos, tudo para atrair esse aluno para dentro do campus além do horário de aula. “Queremos criar um ecossistema de oportunidades com espaços abertos e de compartilhamento”, declara o pró-reitor.
Agente ativo – Na Fundação Santo André (FSA), as mudanças no projeto pedagógico começaram em 2018, com ampliação da interdisciplinaridade e adoção da metodologia da aprendizagem ativa, na qual o aluno é agente ativo da própria formação e atua permanentemente na resolução de problemas e convivência em grupo. De acordo com o reitor Rodrigo Cutri, tal abordagem permite estimular maior autonomia e habilidades comunicativas e de trabalho em equipe. “Com essa metodologia os alunos aprendem a aprender por meio de exploração e discussão de ideias”, afirma. Para o segundo semestre, está prevista a reforma e troca de mobiliário das salas de aula, com objetivo de adaptar o ambiente ao novo método.
Em cursos como direito, psicologia e arquitetura, os alunos já podem atuar com atendimentos para a comunidade, de forma a ampliar o contato com o dia a dia profissional antes mesmo da formação. Nas engenharias os alunos são apresentados a projetos integradores, que mesclam as diferentes áreas da profissão e simulam o ambiente de uma empresa. Também desde 2018, os alunos participaram da semana de talentos, com oficinas, cursos e palestras sobre empregabilidade e postura profissional. Na mesma época, o corpo docente participa de encontros de inovação acadêmica para que possam estar atualizados com as novas metodologias e abordagens pedagógicas. Neste ano, as atividades devem acontecer entre 2 e 6 de setembro.
A proposta da FSA é ampliar ainda mais essas mudanças e criar um ambiente que prepare o profissional de forma integral. “Queremos oferecer cada vez mais acolhimento e preparação do aluno para o mercado ao mesmo tempo em que formamos cidadãos”, completa o reitor da Fundação.