Massacre em Manaus: ‘é preciso conter a violência nas ruas’, diz especialista

O massacre nos presídios de Manaus levanta a importância de conter possível efeitos cascata da violência no Estado, segundo Bruno Paes Manso, doutor em Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em segurança pública. Em 2017, quando houve uma série de ataques em presídios do País, notou-se incremento dos crimes nas ruas.

Desde 2018, porém, os números de violência vêm caindo, segundo Paes Manso, o que pode estar ligado a um arrefecimento nas disputas internas nas penitenciárias. “É preciso identificar os focos dos conflitos e evitar que isso se espalhe para as ruas porque esses conflitos podem se espraiar”, diz o especialista da USP.

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Parte da estratégia se refere à transferência e ao isolamento de lideranças – já anunciadas pelo governo do Amazonas. Ao mesmo tempo, segundo Paes Manso, é preciso aplicar um plano preventivo nas ruas, com patrulhamento ostensivo nos bairros de Manaus onde esses grupos atuam com mais intensidade. “Pode haver um desequilíbrio de forças.”

Uma vez que se confirme a ligação dos últimos ataques nos presídios com uma briga entre membros da facção criminosa Família do Norte (FDN), as chances de que o confronto ganhe dimensões ainda maiores – até mesmo ultrapassando fronteiras – diminui. Parte da violência dos massacres de 2017, que atingiu outros Estados como Roraima, estava ligada à guerra entre facções criminosas, entre elas o Primeiro Comando da Capital (PCC).

A facção

O tráfico de drogas na fronteira com o Peru e a Colômbia, uma das rotas mais importantes para o narcotráfico local e porta de entrada de maconha e cocaína, alimentou o crescimento da facção criminosa Família do Norte na região. Como o Estado mostrou em 2017, após o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), a FDN imitou o modelo de outras facções conhecidas, como o Comando Vermelho, garantindo pagamento de mensalidade por parte dos afiliados, o que fez com que se estabelecesse como dominante em parte da fronteira.

O grupo também se valia do tráfego fluvial pelo Rio Solimões para carregar a maior parte da droga que comercializava. A facção ainda usava “laranjas” que emprestavam os nomes para abertura das contas, com as quais movimentavam grande quantidade de dinheiro.

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