Em 31 de maio é celebrado mundialmente o Dia de Combate ao Fumo. A data é de comemoração para os especialistas, pois desde os anos 2000 diminuiu significativamente o consumo do tabaco, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). A preocupação agora é em relação ao uso de cigarros eletrônicos e dispositivos de aquecimento de tabaco, que embora não tenham aprovação de venda no Brasil se tornaram frequentes entre os jovens e provocam os mesmos danos à saúde.
Dos 18 milhões de fumantes no Brasil, quase 40% são mulheres. Na visão do pneumologista do Hospital Assunção, em São Bernardo, Jairo Netto Costa, embora não seja elevado, o número de fumantes cai gradativamente e, o que antes acometia 30% da população, hoje não chega a 10%. A redução, enquanto alivia o poder público em relação aos danos na saúde, preocupa a indústria do tabaco, que investe cada vez mais em cigarros eletrônicos e narguilés, espécie de cachimbo de água utilizado para fumar tabaco. “É uma estratégia de convencimento da indústria para falar que a vaporização da nicotina não é prejudicial como o cigarro convencional, o que é mentira, pois a vaporização não isola o vício dos fumantes, muito menos diminui os malefícios à saúde”, afirma o especialista.
Foram programas de combate ao tabaco, Lei Antifumo 13.541/09 e a própria população não fumante que garantiram a redução do consumo do tabaco no Brasil. Desde que a lei entrou em vigor, foi proibido o uso de cigarros e demais produtos fumígenos nos ambientes fechados e/ou de uso coletivo como bares, restaurantes, corredores e/ou perto de pessoas com problemas pulmonares. “Agora os não fumantes e os proprietários de estabelecimentos estão protegidos por lei e podem barrar a utilização do tabaco em ambientes fechados”, diz o médico ao citar, ainda, a proibição aplicada até mesmo embaixo de toldos.
Câncer de bexiga
O consumo das 4,7 mil substâncias tóxicas do cigarro pode provocar doenças, como tumores na boca, laringe, esôfago, intestino, no útero etc, além do câncer no pulmão e o câncer de bexiga, que agride fortemente a corrente sanguínea e se infiltra nos rins. “É um câncer praticamente exclusivo dos fumantes, tem elo em pelo menos 98% dos acometidos com a inalação dos componentes do cigarro”, afirma.
Para quem usa os cigarros eletrônicos e narguilés, os problemas podem ir além e causar ainda doenças, como herpes e hepatite. “O problema vai além do vício, pode causar problemas extremamente prejudiciais à saúde”, diz o pneumologista do Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, em Santo André, Marcio Abreu Neis, ao salientar que uma hora de narguilé equivale a ingestão de um maço inteiro de cigarro.
Dados do Inca revelam que no Brasil, 12,6% das mortes (mais de 156 mil óbitos) podem ser atribuídas ao tabagismo. Estudo divulgado em 2017 aponta ainda que R$ 56,9 bilhões são perdidos ao ano em despesas médicas e perda de produtividade, fator que tem levado as prefeituras da região fazerem ação de enfrentamento.
Em Mauá, São Bernardo e Ribeirão Pires, as unidades básicas de saúde contam com profissionais capacitados e treinados para acompanhamento dos pacientes que desejam parar de fumar. Na primeira, os casos identificados por meio das consultas e/ou manifestação do próprio paciente são encaminhados para integrar grupo de orientação, acompanhamento e medicação, disponibilizados pela rede.
Já em São Bernardo, além das consultas, há palestras, rodas de conversa e vistorias em estabelecimentos comerciais. As demais cidades não responderam até o fechamento da matéria. “A dependência psicológica afeta pelo menos 70% do consumo. Com ajuda de especialistas e força de vontade, podemos mudar o quadro”, afirma Costa. A duração do tratamento pode variar e, de acordo com os especialistas, alguns casos podem ser resolvidos até em uma semana.