Ansiedade, estresse e depressão são transtornos mentais que cada vez mais levam vítimas aos consultórios da região. Em Diadema, Mauá, Santo André, São Bernardo e São Caetano, são 44,2 mil pacientes atendidos ao mês, entre CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e unidades de pronto atendimento. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não informaram.
Para combater o avanço e conscientizar sobre a não vitimização, as prefeituras contam com equipes formadas por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e médicos da família que trabalham na compreensão do adoecimento psíquico, diagnóstico, prescrição de medicamentos e roda de conversa.
São Bernardo elenca o maior número de atendimentos na região. Foram 297.245 mil consultas em 2017 contra 212,9 mil em 2018; seguido por Mauá, com 40 atendimentos em 2017 e 44 mil em 2018. Em Diadema, foram 37,8 mil consultas em 2017, enquanto no ano passado foram 32 mil. Neste ano, até o momento, pelo menos 24 mil consultas já foram feitas, alta de 92% na média mensal da cidade.
Santo André contabilizou 144 mil atendimentos nos serviços especializados em saúde mental e outros 6,5 mil atendimentos no CHMSA (Centro Hospitalar Municipal de Santo André). A média anual das cinco cidades contabilizou, no ano passado, 432,9 mil consulta e outras 1,2 mil internações, enquanto em 2017, foram 515,2 mil atendimentos. A previsão dos especialistas é que o número aumente e que, até 2020, o Brasil seja o país com mais casos de depressão, o que poderá resultar em afastamentos frequentes no trabalho.
Para conscientizar a população, Santo André promoveu quinta-feira (16) o Mental Fashion Day. Na ocasião, grupo de atendidos pelo CAPS desfilaram, com peças produzidas pelos próprios pacientes na oficina de costura. A ação, intitulada Loucura não se prende, mais amor por favor, teve apresentação musical, intervenção artística e pintura terapêutica.
Na visão do psiquiatra do Centro Hospitalar Municipal de Santo André (CHMSA), Tomaz Eugênio de Abreu, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a ação tem resultados efetivos para o paciente. “A sensação do pertencimento a um grupo traz bem-estar para quem sofre com transtorno mental. Em alguns casos, a atividade física e/ou cultural pode evitar agravamento do caso ou até mesmo fatalidades”, explica.
Dentro da estratégia, São Caetano realiza, até terça-feira (21), a Semana da Saúde Mental, com palestras, rodas de conversa, sarau, dança, caminhada, exames preventivos e feira de economia solidária. São abordados temas como papel da medicação, importância da família e o estigma da loucura.
Transtornos
A orientação dos especialistas da equipe de saúde da família é que, com o apoio de familiares e amigos, as pessoas que sofrem de transtorno psiquiátrico sejam vistas como caso de saúde pública. “Hoje, com a hostilização pública na internet, não é raro ver pessoas sofrendo com conflitos internos”, diz a terapeuta e médica da família e comunidade, Lumena Moraes Simões, ao lembrar que atitudes como estresse excessivo, problemas de convívio e isolamento podem ser sinais iniciais de um transtorno psiquiátrico.
“Fique atento principalmente aos 4D: depressão, desamparo, desesperança e desespero, fatores que envolvem estes sinais merecem atenção, principalmente de quem convive com a vítima, como familiares, amigos e professores”, explica. Coração acelerado, tremedeira, sensação de “bola na garganta”, perda de apetite, sono intenso ou insônia, também podem ser sintomas.
Além de psicólogos, unidades básicas de saúde e equipes de saúde da família, o paciente pode buscar auxílio no Centro de Valorização da Vida (CVV), canal direto e gratuito (188), para qualquer tipo de angústia, aperto no peito e/ou transtorno psiquiátrico. Para fazer a ligação, não é necessário se identificar.