Nesta sexta-feira (10/05) representantes da Universidade Metodista, do Sinpro (Sindicato dos Professores do ABC) e do SAAE – ABC (Sindicato dos Auxiliares e Administradores da Educação do ABC) estiveram reunidos no Ministério Público do Trabalho em São Bernardo. Não houve negociação entre as partes e a greve da categoria iniciada no último dia 29.
A audiência durou cerca de duas horas, mas não teve desfecho positivo. A Metodista mandou três representantes à reunião, que saíram sem falar com a reportagem. O professor Jorge Maggio, presidente do Sinpro disse a universidade não apresentou nenhuma novidade na mesa de negociação e a greve dos professores, que já dura 11 dias, deve continuar ao menos até segunda-feira (13) quando será realizada uma nova assembleia na porta do Campus Rudge Ramos. Cerca de 350 professores estão de braços cruzados, a greve tem adesão entre 80% e 90% nos três campi da Metodista. “O desrespeito que a Metodista tem com os professores e funcionários é tremendo. Ela reafirma que vão pagar os salários do mês de abril no dia 6 de junho. É uma posição que a gente não aceita, e vamos continuar lutando para que essa situação se regularize”, disse Maggio. “Esperávamos uma proposta decente, mas isso não ocorreu”.
Neste sábado o SAAE-ABC realiza uma assembleia no bairro Rudge Ramos, que pode terminar com a decretação de greve e se isso ocorrer cerca de outros 800 funcionários da Metodista podem parar. “Vamos explicar a falta de proposta da Metodista e vamos colocar para a categoria decidir se é greve ou não”, destacou Donisete Gimenes Angelo, presidente do sindicato dos auxiliares.
O procurador do Trabalho, Ricardo Nino Balarini, que recebeu as duas partes na sede do MPT para a tentativa de uma conciliação, determinou o arquivamento do processo de mediação porque não houve acordo. “O MPT neste caso entrou apenas como mediador, porque tem acesso a algumas informações que o sindicato não teria. Foi uma tentativa de resolver, uma participação voluntária. O sindicato expôs a pauta e a Metodista apresentou sua posição, de ir quitando as dívidas aos poucos, mas os sindicatos avaliam que a universidade não trouxe nada de concreto. Agora cabe aos sindicatos, se quiserem, provocar o Ministério Público do Trabalho, pedindo uma investigação, ou ajuizar ação”, explicou o procurador.
Os sindicatos informaram que a pauta de reivindicação inclui a regularização dos pagamentos de salários em 24 horas; comprovação de quitação do parcelamento do Fundo de Garantia; estabilidade de 90 dias; e o não desconto dos dias parados.
Enquanto a negociação se arrasta, os professores sofrem com a crise na instituição, que teve início em 2015 e se agravou em 2017. O professor de ética e Legislação do curso de Comunicação, Altair Scheneider, disse que está com dificuldades para pagar o cartão de crédito e o aperto financeiro só não é maior porque no último ano passou a trabalhar nas horas vagas como motorista de aplicativo. “Mesmo assim cortei tudo que podia para conseguir pagar as contas”, declarou.
Em situação mais séria está o professor Anderson (nome fictício), que trabalha na Metodista há oito anos. Ele conta que no final do ano, esperando que o décimo terceiro salário fosse ser depositado, pagou as contas com o cartão de crédito, em janeiro, quando o pagamento não veio, teve que usar o cheque especial para pagar o cartão. “Estou acumulando dívida, tive que congelar a dívida com o banco e abrir conta em outro. A gente não dorme com as dívidas”, relatou. Anderson disse que por causa dos atrasos nos pagamentos está ficando com problemas de saúde. “Estou perdendo tufos de cabelo”, contou.
O presidente do sindicato dos auxiliares, disse que a situação dos professores é seria, mas a dos funcionários é maior. “Os professores conseguem dar aulas em outras instituições, o funcionário não tem para onde correr”, finaliza Donisete Gimenes Angelo.