Seja pelo combustível desperdiçado, desgaste físico de trabalhadores que perdem de duas a três horas por dia nos engarrafamentos, pelos problemas de saúde causados pela poluição que vem dos escapamentos, o Brasil perde cerca de 25% do PIB (Produto Interno Bruto) com as consequências do trânsito nas grandes cidades. A conclusão é do presidente da Federação Ibero-Americana de Urbanistas, Pau Avellaneda, durante o V Eimus (Encontro Ibero-Americano sobre Mobilidade Urbana Sustentável) que aconteceu entre os dias 7 e 9 de maio, em São Caetano.
Os 25% apontados por Avellaneda significam R$ 1,7 trilhão de prejuízos à economia causados pelos congestionamentos, se considerado o PIB brasileiro que fechou 2018 em R$ 6,8 trilhões. Se comparar com o PIB per capita do País (por habitante), que em 2018 foi de R$ 32.747, em média cada brasileiro acumulou um prejuízo de R$ 8,1 mil com o trânsito somente no ano passado, se seguirmos o raciocínio do palestrante.
O encontro foi uma iniciativa da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) e reuniu especialistas de 12 países durante quase 30 horas de conferências e palestras, que mostraram experiências locais e internacionais. O prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) participou da abertura do simpósio e disse que é uma alegria ter São Caetano como sede de um evento desta magnitude, que já teve cidades como Barcelona, Lima e Quito como sede. “Com certeza, o Eimus coloca de forma definitiva não só São Caetano, mas o ABC todo num contexto mundial”, definiu.
Daniel Vaz, professor da USCS e um dos coordenadores, disse que a receptividade do encontro na região foi muito grande por duas razões que têm ocupado espaço na imprensa: a rediscussão sobre o futuro modal de transporte do traçado destinado à linha 18- Bronze e os recentes anúncios da General Motors e Ford de deixar a região. Apenas a primeira concordou em ficar após pacote de isenções oferecido pelos governos estadual e de São Caetano. Avalia que o debate trouxe vida ao encontro, pois também compareceu representante da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para abertura, como respeito à importância da indústria automobilística para a região.
O encontro também indagou as montadoras sobre até quando vão pensar apenas em vender carro, em vez de ver a mobilidade como serviço. “Também falamos de mobilidade num momento em que o governo do Estado quer trocar o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) por ônibus no sistema BRT (Transporte Rápido por Ônibus – pela sua sigla em inglês). O debate sobre o modal foi um infortúnio que criou um caldo de muita polêmica”, analisa Vaz, autor de estudo de que 62% dos jovens não veem o carro como objeto de desejo, como antigamente.
O encontro Ibero-Americano também apresentou temas, como combustíveis fósseis, carros elétricos e outras soluções tecnológicas como opção aos carros. “Precisamos incorporar essas ações no nosso dia-a-dia”, acrescenta.