Stephen King tinha razão, ‘Cemitério Maldito’ é sua história mais assustadora

Smucky, the cat, he was obedient – O gato Smucky era obediente. Pertencia à filha de Stephen King. O escritor morava no Maine, numa casa próxima a uma estrada. Passavam caminhões em alta velocidade. O gato foi atropelado e morreu. Teve direito a funeral, foi enterrado num cemitério de animais. Como escritor de narrativas fantásticas, o ‘rei’ Stephen deu asas à imaginação. E se Smucky voltasse?

Essa foi a base realista de Cemitério Maldito. O filme deveria ter sido realizado por George A. Romero, mas ele tinha outros compromissos. Convidado, Tom Savini também declinou. Foi a chance de Mary Lambert, que fez o filme em 1989. Há 30 anos! O próprio Stephen King dizia que era a mais assustadora de suas história. A única que lhe metia medo. Passadas três décadas, e com o incremento dos efeitos, do gore, Pet Sematary ganhou nova versão na tela.

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Em dezembro, o produtor Lorenzo Di Bonaventura esteve em São Paulo, na CCXP, para promover Bumblebee. Ele também produz Cemitério Maldito. Em conversa com o repórter, prometeu novidades no filme. “Tem algumas coisas bem diferentes.” A nova versão tem direção de uma dupla, Kevin Kolsch e Dennis Widmyer. É bem scary.

O novo Cemitério Maldito estreia nesta quinta, 9, num mercado saturado pelo efeito Vingadores. E o interessante é que o canal Paramount, da TV paga, aproveita e reprograma o Cemitério antigo – nesta quinta, às 23h30; sexta, às 14h50. Em ambos, o gato é peça fundamental. A grande diferença talvez esteja nas crianças – no menino. Preste atenção.

Cemitério Maldito, 1989

Além de autor da história, Stephen King faz uma participação como ator. É o padre, na cena do funeral.

Pode não significar nada, mas quer dizer alguma coisa, sim. Na casa de Rachel, há uma foto de um menino, que pertence ao passado dela (e indica um possível trauma). Ele usa a mesma roupa que o filho veste no desfecho. Faz parte da encenação macabra. Estava escrito?

A trilha é da banda nova-iorquina Ramones, que Stephen King adorava. Pet Sematary, composta para o filme, virou hit.

Fred Gwynne faz o vizinho velho que tenta advertir o pai. Na nova versão, o papel é de John Lithgow, que protagoniza uma cena de cortar o fôlego – na escada.

O gato. O da filha de Stephen King podia ser obediente, mas o da ficção… Salva-se quem puder! O terceiro ato – o clímax- é terrível.

Cemitério Maldito, 2019

Tudo agora é mais intenso, e de cara o clima idílico da chegada à nova casa é interrompido pelo caminhão veloz que quase comete o primeiro atropelamento.

A explicação sinistra é que o cemitério, construído num território indígena, tem a terra podre. Os próprios nativos temiam seus efeitos.

O pai médico, interpretado por Jason Clarke, vive dividido entre a racionalidade da ciência e a emoção, o desejo de proteger a filha, depois a família, que o leva a fazer escolhas erradas. São essas escolhas que precipitam a tragédia.

A menina foi escolhida pelo olhar estranho. Quando as coisas começam a ocorrer, o espectador não estranha.

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O menino do primeiro filme tem umas brincadeiras agressivas. Se você pesquisar Miko Hughes nas redes vai encontrar coisas bizarras. Ele brincando com um estilete, avançando agressivo para a câmera. Algumas cenas foram filmadas com bonecos representando Miko (e que eram manipulados por técnicos, como se fossem marionetes). No novo filme, ele é uma fofura. Por isso mesmo, o desfecho em aberto – Cemitério Maldito 2? – é mais cruel.

O cinema industrial faz muitos filmes para celebrar a família. Esse é sobre a família maligna. Um a um seus integrantes vão sendo dominados pelo mal, como adverte o garoto atropelado no começo e que recebe atendimento do pai médico no hospital. É um caminho sem volta.

Stephen King tinha razão. É sua história mais assustadora.

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