O que é ser homem? Como o machismo no cotidiano influencia as relações que o homem estabelece com o mundo onde vive? Essas são algumas das reflexões que o espetáculo de dança contemporânea Como (des)contruir um macho? quer incitar nos espectadores e levantar reflexão. Idealizado pela Biz Cia de Dança, de Santo André, o espetáculo será apresentado nesta sexta-feira (26), no Cecape (Centro de Capacitação de Profissionais da Educação Dra. Zilda Arns), em São Caetano; e dia 1º de junho, no Teatro Municipal de Santo André.
André Bizerra, fundador da Biz e criador da peça, conta que a ideia da montagem surgiu em 2015 com o estudo do movimento Men Get Free, que questiona a figura do homem e a construção da masculinidade na sociedade contemporânea. De acordo com o bailarino, o trabalho coreográfico desenvolvido nesta apresentação busca debater essas questões que colocam a figura masculina como conhecemos em cheque. “O machismo e o padrão do que é ser homem oprime a todos”, afirma.
No início da construção do espetáculo, Bizerra conta que enfrentou certa dificuldade em lidar com a subjetividade e sensibilidade da questão que, embora bastante debatida no dia a dia, ainda gera polêmica. No entanto, a importância e necessidade de mostrar outros lados da construção masculina por meio da arte falaram mais alto e, assim, o espetáculo falou mais alto. “O homem precisa falar de suas fragilidades e entender que o machismo nos afeta também”, declara.
Barreiras
Há 28 anos na dança, o bailarino comenta que a trajetória nesse universo não foi fácil e que os preconceitos estiveram presentes em vários momentos da carreira. Ao romper os padrões tipicamente esperados para um menino de 12 anos de idade, André Bizerra descobriu que a paixão pela arte é capaz de se sobrepor aos olhares tortos. “Foi muito difícil, mas o desejo de dançar superou tudo isso”, afirma.
Cinco bailarinos compõem a coreografia de Como (des)construir um macho? – três homens e duas mulheres, todos da Biz. Por meio da expressão corporal, do trabalho sensorial e da reflexão constante, o espetáculo tem fluidez, que permite pequenas mudanças a cada apresentação, o que dá ao público à impressão de sempre ver um novo show. Para Binho Signorelli, bailarino, a importância da montagem é justamente provocar o pensamento de quem assiste, já que é por meio da reflexão que o homem pode olhar para si e ressignificar comportamentos e hábitos. “É dessa maneira que podemos ver onde o machismo está na nossa vida”, afirma.
Em São Caetano, a apresentação acontece nesta sexta-feira, às 20h. Já em Santo André, no dia 1º de junho, além do espetáculo, a Biz propõe ao público um Encontro Reflexivo com Odilon Roble, filósofo, mestre e doutor em Educação pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); e Adriana Taets, mestre e doutora em Antropologia Social pela UPS (Universidade São Paulo). A roda de conversa debate os temas trazidos pela apresentação e acontece logo após o show, às 20h. Tudo gratuito e com classificação indicativa 16 anos.
Serviço:
Como (des)construir um Macho? São Caetano, sexta-feira (26), às 20h, no Cecape, rua Tapajós, 300, Barcelona. Santo André, 1º de junho, às 19h, Teatro Municipal, praça IV Centenário. Classificação: 16 anos.