Após 53 anos, quatro meses e um dia após a cassação de Edgard Grecco, o único prefeito da história de Mauá a sofrer impeachment, a Câmara votará os um dos processos contra o atual chefe do Executivo, Atila Jacomussi (PSB), nesta quinta-feira (18). Em ambos os casos, os comandantes do Paço tinham problemas com seus respectivos vices e com a composição política do Legislativo.
Grecco (morto em 2003) foi o último prefeito eleito diretamente antes da ditadura militar (1964-1985), pelo PTB. Assumiu o comando da Prefeitura em 1963. Sua gestão não tinha o apoio da maioria dos vereadores, eram apenas dois dos 13 eleitos. Atila tem um cenário parecido. O socialista, que já teve 22 legisladores em sua base governista, não tem muita noção do tamanho do seu apoio na Casa. A princípio, os dois parlamentares considerados “governistas” são o pai Admir Jacomussi (PRP) e Robson Roberto Soares, o Betinho Dragões (PR).
Outro ponto em comum entre os dois prefeitos são os problemas com os vices. Na década de 1960 ainda havia eleição separada entre o chefe do Executivo e o vice. Em 1963, Edgard Grecco (PTB) teve como número dois José Mauro Lacava (PTN), que fazia parte do bloco oposicionista no município.
Jacomussi quase repete a história. Eleito em conjunto com Alaíde Damo (MDB), viu a relação com a emedebista acabar logo após a vice assumir o comando da Prefeitura em maio do ano passado, durante a primeira prisão do socialista na operação Prato Feito, da Polícia Federal. Alaíde trocou boa parte dos secretários e demais funcionários comissionados, além de paralisar uma série projetos da Prefeitura por problemas financeiros.
Apesar do rompimento, Alaíde Damo não fez qualquer tipo de menção que poderia prejudicar Atila nos processos de cassação da Câmara. A vice-prefeita apenas relatou que assumiu o comando do Executivo enquanto o prefeito estava preso.
Edgard Grecco sofreu o impeachment em 17 de dezembro de 1965, após ser acusado de “distribuir vales para funcionários públicos, descontando no pagamento; ceder verba para o time da Vila Assis Brasil representar a cidade num torneio; e isentar uma empresa de impostos”.
Atila Jacomussi responde por dois processos, mas apenas um será votado. O primeiro a entrar em julgamento nesta quinta-feira (18) é o pedido de cassação por vacância, impetrado por Davidson Rodrigues (PSL), que considera que o cargo de prefeito ficou vago após o mesmo ficar mais de 15 dias longe do comando do Paço.
O segundo processo que será colocado em votação é oriundo de representantes do PT e demais organizações sociais, que acusam o socialista de quebra de decoro. Neste caso, em cima do relatório apresentado pela PF na operação Trato Feito, deflagrada no ano passado. Porém, essa ação foi suspensa até a avaliação de um recurso do prefeito para cancelar o processo dentro do Legislativo.