Duas semanas após a oficialização das negociações entre a Sabesp e o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) o prefeito andreense, Paulo Serra (PSDB), deu o primeiro detalhe do futuro acordo. Em entrevista à Rádio ABC, nesta quinta-feira (4), o tucano afirmou que, independente do modelo adotado no futuro, a iniciativa só vai acontecer com a manutenção dos empregos dos funcionários da autarquia municipal.
“A primeira questão que eu coloquei na mesa com a Sabesp é a manutenção de todos os empregos do Semasa. Eu quero tranquilizar os servidores públicos do Semasa, qualquer que seja o modelo escolhido para sair dessa encruzilhada que nós temos hoje, porque tem dívida e não investe, e não investe porque tem dívida”, disse o prefeito. Atualmente, o Semasa tem 1.140 funcionários diretos.
A situação colocada por Serra também foi adotada em outras cidades, como Diadema. Em 2013, com a entrega da Saned para a Sabesp, houve a transferência de 289 concursados para a autarquia estadual, boa parte foi deslocada para outras bases na região e no litoral.
Outra preocupação de Paulo Serra é o investimento na distribuição de água na cidade, principalmente nos bairros mais altos que, segundo o próprio prefeito, ainda dependem da chegada de um caminhão-pipa para auxiliar no abastecimento destes locais, algo que tucano “não se conforma”.
“Precisamos criar um mecanismo de voltar a investir na rede de distribuição de água. Hoje o Semasa, na parte da água, é completamente falida. Nós devemos mais de R$ 3 bilhões para a Sabesp. Isso (falta d’água) não é só a questão da dívida, é lógico que a dívida prejudica, mas além da dívida tem a falta de capacidade que nós temos para investir e que prejudica mais ainda”, disse o chefe do Executivo, ao reafirmar que a resolução sobre essa situação será dada até o final de junho.
Judicialização
As negociações são feitas diretamente entre a Prefeitura de Santo André e a companhia estadual. Até o momento, além da oficialização das negociações, houve também a judicialização de cerca de R$ 400 milhões que viraram precatórios.
O fim do Semasa já foi descartado por Serra e pelo superintendente do Semasa, Almir Cicote, com a justificativa de que a autarquia não é responsável apenas pela distribuição de água e a coleta e tratamento de esgoto, mas o gerenciamento de todas as ações relacionadas a resíduos sólidos, coleta seletiva, remoção de animais mortos, limpeza urbana e coleta de lixo hospitalar.
Mesmo com a garantia, atos foram realizados na Câmara de Santo André contrários a qualquer possibilidade de entrega do Semasa. Vereadores e membros de órgãos da sociedade civil também aguardam os próximos passos da negociação.