A iniciativa da mesa diretora da Câmara de Diadema, de criar um fundo para construção de um novo prédio para o Legislativo, já nasce com a pecha de gasto desnecessário, principalmente quando o marketing das gestões atuais é pelo corte de despesas. O recém-eleito presidente, Revelino Teixeira de Almeida, o Pretinho do Água Santa (DEM), é que será cobrado, caso a proposta seja levada a cabo. Logo o parlamentar que foi eleito chefe da Casa de Leis e teve como bandeira a capacidade de consenso.
A prevista impopularidade da medida já começa a pipocar nas redes sociais. Os 21 vereadores, se aprovarem o projeto, terão de arcar com o prejuízo político, o que por si só já enterraria a medida. Também é fato que a habilidade política de Almeida já foi posta à prova em 2017, quando Pretinho, a bancada do DEM e os parlamentares do PPS debandaram do governo. Quando o prefeito Lauro Michels (PV) tentou renovar contrato com o CAD (Clube Atlético Diadema) para a manutenção de escolinhas de esporte. Pretinho é diretor do Água Santa, outro clube que mantém escolinhas de futebol. Naquela época os dois partidos passaram a votar contra o governo e, em represália, dois secretários perderam o cargo. Na negociação, o grupo venceu, ou seja, habilidade e apoio o democrata tem, mas essa capacidade vai ser posta à prova com o eleitorado.
O problema é que os contribuintes da cidade têm muitas questões urgentes. Enquanto os parlamentares perdem tempo com o tipo de discussão, ninguém pressiona pela construção do novo hospital, promessa de campanha de Michels. A Prefeitura ainda deixa a Deus dará o velho hospital público de Diadema que, apesar de estar praticamente na UTI quando de trata de conservação, é o único que está lá de portas abertas 24 horas para atender 700 pessoas por dia.
Depois da saúde, temos a segurança, o desemprego, a conservação das ruas. Ou seja, nova Câmara, nem pensar, mesmo que o dinheiro estivesse com sobra, o que não está. Não sobra mesmo, pois o dinheiro que alimentaria o tal fundo viria da devolução do dinheiro para a Prefeitura, aquela verba que a Câmara não usou. Na prática, nem há devolução, porque o Legislativo é que não utiliza a verba a que tem direito. Essa economia vai para melhorias, mas segundo o projeto, iria para construir o luxo de uma corte não tão popular assim.