O presidente do Grupo Caoa, Mauro Correia, confirmou ao RD o interesse pela fábrica da Ford em São Bernardo. A montadora anunciou no dia 19 de fevereiro a intenção de encerrar a produção de caminhões e fechar a fábrica na cidade. Os governos estadual e municipal, além do sindicato, buscam uma solução para o problema e evitar a demissão de 2,8 mil funcionários diretos. O governador João Doria (PSDB), anunciou que o estado trabalha na linha de buscar um comprador para a fábrica, que assumiria não apenas o parque fabril, mas também os operários. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Vagnão, viajou à Michigan, nos Estados Unidos, onde fica a sede da Ford, mas ainda não se conseguiu reverter a situação.
Nesta segunda-feira (25/03), durante o 1º Congresso Latino Americano da Indústria Automotiva, no auditório do Cenforpe (Centro de Formação dos Profissionais da Educação) de São Bernardo, foi anunciada a presença de Mauro Correia. O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB) chegou a brincar: “Se ele está aí é um bom sinal, deve estar olhando fábrica”.
Ao RD Correa foi sucinto ao comentar o assunto. “Existe interesse sim, mas ainda é muito cedo para falar, é muito embrionário ainda”, relatou. Mas há também frente de trabalho visando fazer com que a Ford desista de deixar a cidade, Morando é discípulo desta tese. “Estamos vivendo o melhor momento da indústria automobilística da nossa cidade e do estado. O que estamos vendo nos dois últimos anos é um investimento como há décadas não se via na indústria automobilística; a Volks anunciou investimento de mais de R$ 2 bilhões; a Scânia na mesma ordem, mais de R$ 1,5 bilhão; a Mercedes mais de R$ 800 milhões; a Toyota montou o centro de inovação tecnológica do Brasil em São Bernardo, ou seja a indústria está investindo. Agora eu lamento as indústrias que não acreditaram no Brasil e que não acreditaram nas suas plantas. Eu continuo com o mesmo otimismo, porque acho muito pouco, ou quase nada, provável que uma indústria que tem 20% do mercado de caminhões, encerre as atividades. Quem abriria mão de 20% do mercado? Perderá quem apostar que essa empresa parará de produzir caminhões”.
TEMPO
As ações realizadas até agora com a Ford resultaram em ganho de tempo. A montadora americana deve permanecer pelo menos até o final do ano, enquanto se encontra uma solução. O secretário da Fazenda do governo do estado, Henrique Meireles, disse que o governo ingressou nas negociações assim como fez com a General Motors, que reviu a intenção de fechar a fábrica de São Caetano e ainda anunciou investimentos de R$ 10 bilhões. “O governo entrou firme, para resolver o problema e manter a unidade fabril. Temos até dezembro para uma negociação com outras empresas que possam usar essa capacidade produtiva existente. Já começamos a conversar com outras empresas que estão Brasil e outras que ainda não estão, mas que ficaram sabendo do InvestiAuto. Há bastante interesse, pois não é só um imóvel, é uma unidade produtiva com funcionários treinados, com todas as condições logísticas adequadas e com todo apoio do município e do estado. Mas também existe uma esperança de manter (a Ford)”.
ESTRATÉGIA
Para o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo do Campo), Valter Moura, no caso da General Motors ficou evidente que a o anúncio de fechar a fábrica de São Caetano teve a clara intenção de forçar uma negociação com governo, mas no caso da Ford, não se trata de blefe. “A atitude não agradou a comunidade, mas poderia ser uma tomada de decisão diferente. Estabelecendo prazos, por exemplo, em cinco anos, que nos daria tempo para formatar outro tipo de atividade para o local”, analisa.