O diretor econômico-financeiro e de Relações com Investidores da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Rui de Brito Álvares Affonso, oficializou aos acionistas que a empresa apresentou à Prefeitura de Santo André o Protocolo de Intenções para “elaborar estudos e avaliações visando o equacionamento das relações comerciais e das dívidas existentes entre o município e a Companhia”.
Procurado pelo RD, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) afirmou que tal negociação será feita diretamente pelo comando do Poder Executivo e que os resultados dos estudos a serem realizados “serão divulgados em momento oportuno, quando forem finalizados”.
Segundo o site Money Times, especializado no mercado financeiro, o cálculo feito pelo Credit Suisse, banco suíço de investimento, a Sabesp poderá receber até R$ 2,7 bilhões com a negociação. Em relatório que foi entregue aos acionistas nesta quinta-feira (21), a empresa afirma que a Companhia já lançou em seu livro financeiro R$ 1,1 bilhão em recebíveis deste acordo e os demais R$ 1,6 bilhão são oriundos de juros e correções monetárias.
Em entrevista ao canal RDtv, em 25 de fevereiro, o superintendente do Semasa, Almir Cicote (Avante), adiantava que as negociações seriam realizadas logo após o Carnaval. Até então, a estimativa da dívida entre as duas autarquias era de R$ 4 bilhões, sendo que cerca de R$ 400 milhões foram judicializados e viraram precatório.
“Temos uma série de problemas na cidade e que refletem no Semasa. Não podemos negar que o principal problema hoje é a dívida. Uma das primeiras conversas que eu tive com o prefeito Paulo Serra (PSDB) foi nesse sentido, de encontrar uma forma de gestão compartilhada, mas nem o prefeito e nem o Almir Cicote querem acabar com a empresa”, destacou o superintendente.
Muitos modelos de negócio foram ventilados desde o início da atual gestão andreense. A gestão compartilhada foi o principal ponto discutido. Apesar de todos os boatos, em nenhum momento foi cogitada a entrega do Semasa para a Sabesp, algo que aconteceu em Diadema (Saned), em 2013, e com São Bernardo (DAE), em 2007, pois o Semasa cuida também de coleta seletiva e de toda a zeladoria do município.
Mesmo após a crise do abastecimento de água, em janeiro e fevereiro, todos os entes políticos de Santo André reafirmavam que, apesar dos problemas, a entrega da autarquia não era a melhor opção. Muitos, à época, afirmavam que a falta de água em alguns bairros era causada por uma pressão da Sabesp para avançar nas negociações, algo que nunca foi confirmado.