Os casos de meningite no ABC já são 97, com cinco mortes, segundo informações das prefeituras da região, ou seja 1,23 caso por dia, com uma morte a cada 15 dias. O Governo do Estado diz que a situação é normal e não há informação de surto que justifique a cobertura vacinal para imunizar a população.
O caso mais emblemático foi o do neto do ex-presidente Lula, Arthur, de 7 anos, que morreu no dia 1° de março, após uma evolução rápida da doença. Apesar dos mortos o governo do estado não considera a necessário vacinar a população. A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado informa os casos estão dentro dos parâmetros normais. Enquanto o sistema público só disponibiliza vacina para o tipo C da doença e só para bebês de até 5 meses, a procura nas clínicas de imunização cresce.
Casos de estudantes doentes vem ocorrendo com frequência na região nos últimos dias. Na sexta-feira (15) o caso de uma aluna do Ensino Fundamental II do Colégio Arbos de Santo André, teve a doença confirmada. O colégio enviou comunicado aos pais alertando sobre o caso e recomendando observação a sintomas, porém a criança se recupera bem. No sábado (16) o professor e mantenedor do colégio, Paulo André Cia, disse que foi confirmada a meningite viral, e que a paciente recebeu alta na data para concluir o tratamento em casa.
A cidade com maior número de casos é São Bernardo, com 37, todos virais. Santo André vem em segundo, em número de casos, 34, porém é a que registra o maior número de mortes, 4 até esta segunda-feira (18), de um total de 5 em todo ABC. Dos 34 casos confirmados em Santo André, 4 casos são de meningite bacteriana, 4 casos de meningite inespecífica, 4 casos de meningite asséptica e 22 casos de meningite viral.
O outro caso de morte foi registrado em Diadema. No município foram oito casos registrados este ano sendo, um por meningite meningocócica, cinco são meningites virais, um de meningite pneumocócica e um aguarda identificação de agente.
Este ano Mauá, teve apenas um caso de meningite, em investigação se é viral ou bacteriana. A ocorrência foi notificada pelo Hospital América, no Parque das Américas. Em 2018, no mesmo período, a cidade teve 19 casos. Em São Caetano a prefeitura informou que até o dia 3 de março foi confirmado um caso de meningite bacteriana não especificada em adulto, e oito casos de meningite viral, sendo um em adulto e sete em crianças. Rio Grande da Serra não informou o número de casos e Ribeirão Pires informa que foram notificados 8 casos da doença, sendo 5 virais e três casos de meningite bacteriana.
Nas clínicas de imunização a procura já é grande pela vacina, o preço varia de R$ 270 a R$ 500 cada dose, sendo que há tipos de vacina em que são necessárias duas doses. No laboratório Lavoisier, por exemplo, a procura aumentou, segundo relata a médica infectologista Maria Isabel de Moraes Pinto, porém esse aumento ainda não foi quantificada. “Houve um aumento de procura que está sendo plenamente atendido”, explica. O Lavoisier está agendando os pacientes para a vacinação. “Temos vacina meningocócica ACWY, meningocócica C e meningocócica B. Todas essas vacinas estão disponíveis em estoque, ou seja, podemos vacinar muitas pessoas. Realizamos o agendamento não só da vacina meningocócica, mas das outras também para agilizar o atendimento e evitar esperas desnecessárias”, finaliza Maria Isabel.
Para o médico infectologista do Hospital São Luiz de São Caetano, Carlos Kiffer, não há motivo para a corrida às clínicas. O médico explica que a vacinação para a meningite tipo C, faz parte do calendário e as crianças tomam antes de completar um ano. Essa vacina protege para toda a vida. “O problema é que temos no Brasil os sorotipos A, B e C, portanto essa vacina não é eficaz para os outros tipos. Devemos vacinar os nossos filhos, mas nenhuma vacina dá uma proteção de 100%. A meningite é um problema de saúde pública e uma endemia na Grande São Paulo e no ABC”.
O médico diz que ações como lavar as mãos mais frequentemente ou usar álcool gel, ajudam não apenas a evitar a infecção por meningite, mas diversas outras como a Gripe. Mas o principal é evitar locais fechados e aglomerados. “A transmissão se dá por gotículas então deve-se evitar locais fechados, mas também não é comum a infecção por contato eventual, é preciso um contato por horas, por isso que, quando acontece com aluno a escola deve seguir um protocolo. Os pais também não devem levar o filho doente para a escola”, explica.
Kiffer sugere que os pais observem a ocorrência de dores de cabeça e febre, acompanhadas de vômitos, em crianças maiores. Nos bebês deve se observar a irritabilidade e a protuberância na moleira. Outro sintoma importante é verificar se há manchas vermelhas na pele. “É importante destacar que nem toda a febre é meningite, por isso é importante levar a criança rapidamente ao médico porque somente ele pode fazer o diagnóstico corretamente”, conclui.
O RD buscou informações nos postos de saúde sobre a disponibilidade da vacina para meningite tipo C. Nos postos pesquisados não há falta da vacina. São vacinados bebês de entre 3 e 5 meses de idade.
Casos | Óbitos | |
Santo André | 34 | 4 |
São Bernardo | 37 | 0 |
São Caetano | 9 | 0 |
Diadema | 8 | 1 |
Mauá | 1 | 0 |
Ribeirão Pires | 8 | 0 |
Rio Grande da Serra | * | * |
Total | 97 | 5 |
*Não informou.