A troca de farpas entre as bancadas do PT e do PSL durante a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, na última sexta-feira (15), ainda chama a atenção nos bastidores do Parlamento. Em entrevista exclusiva ao RDtv, o deputado estadual Caio França (PSB) considera que o clima quente entre os partidos deve continuar. Além disso, o socialista afirmou que sua legenda será independente na Casa e falou das chances de seu pai, o ex-governador Márcio França (PSB) disputar o comando da Prefeitura de São Paulo.
De um lado os integrantes do PSL (ou “bolsonaristas) repetiam por diversas vezes que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava preso. Do outro, petistas repetiam que faltava democracia por parte dos adversários e que a candidatura da deputada Janaína Paschoal (PSL) para a presidência da Alesp era “a representação do fascismo”. As provocações de ambos lados tomaram conta da sessão e não deve parar no primeiro dia oficial de trabalhos da nova legislatura.
“Infelizmente eu acho que isso vai ter uma certa permanência, vai ser duradouro, porque tem essa história das bolhas. Muitas vezes eles estão mais preocupados em agradar seus seguidores na internet do que resolver o problema. Acho que essa disputa vai continuar mesmo com projetos menores”, disse Caio França.
Quando questionado sobre a possibilidade de limitação do uso de lives nas redes sociais dos parlamentares paulistas durante as sessões, ventilada pelo presidente da Casa, Cauê Macris (PSDB), o socialista afirmou ser contra o ato, mas considera que o número de reclamações de quebra de decoro parlamentar deve aumentar durante o mandato.
Caio considera que um bloco parlamentar deve ser formado no Legislativo para “trazer um equilíbrio” aos debates. A ideia é que 30 dos 94 deputados possam formar esse grupo “independente” que avaliaria cada projeto conforme as necessidades. O parlamentar também salientou que sua legenda manterá uma postura independente do governo de João Doria (PSDB) e sem revanchismos em relação ao resultado das eleições de 2018.
“Em alguns momentos o Doria está certo nos seus projetos, mas nem sempre ele acerta. Eu, por exemplo, sou contra algumas privatizações que ele quer fazer como a Sabesp. Não dá para vender uma empresa que presta um serviço que falta em várias cidades. Muitos municípios não têm condição de fazer esse tipo de serviço de saneamento”, explicou.
2020
Sobre os planos do PSB para as eleições de 2020, Caio França se reunirá com os principais nomes da legenda na próxima semana para iniciar as avaliações. Apesar de querer que o partido seja “protagonista” no pleito municipal, o deputado considera que antes de qualquer tipo de postura sobre candidaturas para prefeito, os socialistas devem avaliar qual é a sua base de candidatos para vereador.
No próximo ano haverá uma nova mudança nas regras eleitorais com o fim das coligações para vereadores, ou seja, cada partido terá que formar uma chapa pura para disputar as vagas nos legislativos municipais. Um conceito já existente no meio político é que o fato pode gerar mais candidaturas ao comando dos Executivos.
Sobre Prefeitura, Caio França avalia que ainda é cedo para garantir que Márcio França disputará o comando do Paço da Capital. “Basicamente tem dois anos para a eleição. Ele tem condições, mas para isso tem que se aprofundar na cidade. Vamos esperar. Mesmo que não seja candidato, ele será um grande cabo eleitoral”, completou.