Mesmo sem o esclarecimento do que motivou o ataque realizado por G.T.M, 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, 25 anos, que culminou com a morte de oito pessoas (além dos próprios assassinos) na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, levantou o debate sobre segurança nas escolas. O RDtv, desta quarta-feira (13), ouviu especialistas em segurança e educação que consideram que a sociedade precisa se unir para espalhar a cultura de paz.
Para Patricia Maria Villa Lhacer, coordenadora do Observatório de Justiça restaurativa da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), a tragédia de Suzano não é algo que apenas relata a violência nas escolas, mas demonstra que existe uma grande cultura de violência na sociedade e que isso acaba chegando aos estabelecimentos de ensino.
“O que aconteceu em uma escola poderia acontecer em qualquer lugar. Já aconteceu várias vezes, basta lembrar do caso do Mateus Meira”, disse a especialista sobre o caso do ex-estudante de medicina que em 1999 invadiu uma sala de cinema no Morumbi Shopping e com uma submetralhadora 9mm matou três pessoas e feriu mais quatro.
Patricia considera que chegou o momento de se falar de situações de saúde pública como o enfrentamento a saúde mental, o debate sobre a dependência química e a responsabilidade de toda a sociedade em falar sobre a cultura de paz, não apenas nas escolas, mas em todos os lugares. “Mas não podemos fazer isso apenas quando ocorre uma tragédia”, completou.
“Nós não podemos atuar a cada fato que acontece. O viaduto quebrou, então vamos olhar todos os viadutos e com certeza não vamos concertar todos. Brumadinho sofreu aquela tragédia, então vamos olhar todas (as barragens). Assim como aconteceu em Santa Maria (caso da Boate Kiss)”, disse Maria Elena de Gouvêa, coordenadora do curso de Pedagogia da Fundação Santo André.
“Na hora da tragédia há uma mobilização social muito grande, de buscar políticas públicas que resolvam, solucionam. Não há uma continuidade de buscas de políticas públicas para resolver o que tem que resolver em vários momentos, em diferentes cenários”, completou Maria Elena.
Ambas consideram que uma “rede” deve ser formada entre a sociedade, o poder público e as escolas para que a cultura de paz seja ensinada desde a primeira infância e que exista uma maior atenção as crianças e aos adolescentes para que se possa reduzir a possibilidade de tragédias como a que ocorreu em Suzano.