Durante ato ecumênico promovido pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em prol da manutenção da planta da Ford, em São Bernardo, nesta quinta-feira (7), o ex-prefeito Luiz Marinho (PT) pediu a demissão do presidente da montadora na América Latina, Lyle Watters, por decidir pelo fechamento da fábrica por não apresentar “faturamento sustentável”.
Em tom emocionado, Marinho relembrou que o mesmo já aconteceu com as direções da própria Ford e da Volkswagen, que foram trocadas após negociações junto ao Sindicato. “Nunca é fácil, porque a decisão de demitir um presidente incompetente às vezes não é fácil e às vezes não é visível a sua incompetência, mas eu espero que a decisão da Ford global olhe para o Brasil, olhe para cada rosto, para cada olhar dos filhos dos trabalhadores”, disse o petista.
Oficialmente, nem o Sindicato dos Metalúrgicos ou os representantes do poder público falam em qualquer tipo de iniciativa para pedir a exoneração de Watters, inclusive o CEO, que participou de uma reunião com a presença do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), e o governador João Doria (PSDB).
Governo federal
Morando anunciou que o secretário especial de Emprego, órgão relacionado ao Ministério da Economia, Carlos da Costa, afirmou que o governo federal vai exigir da montadora um plano de transparência sobre sua situação e também sobre o futuro dos cerca de 2 mil funcionários que perderão os seus postos de trabalho no final do ano caso não haja qualquer tipo de resolução sobre o imbróglio.
“Nós também vamos fazer um questionamento sobre os últimos benefícios fiscais que foram dados para a empresa, pois eles não podem sair desse jeito. Também queremos saber quais são os impactos sociais na cidade. Não dá para ficar sem qualquer tipo de informação”, afirmou o chefe do Executivo.
Sobre o protesto realizado nesta quinta-feira (7), o tucano afirmou que tem auxiliado o sindicato para que possa fazer as manifestações que considera “extremamente legítimas”. Não foi divulgado o número de trabalhadores que estiveram na manifestação, que iniciou na sede da entidade sindical e terminou com a participação de religiosos na Praça da Matriz.
Além das orações, novamente os gritos de “Fica Ford” foram ouvidos e as faixas com pedido de boicote na compra de veículos da montadora americana foram mostradas por vários trabalhadores, muitos acompanhados de filhos. “É muito bom ver a participação dos companheiros. Isso nos dá ainda mais força para nossa missão por aqui”, disse Wagner Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, que nesta quinta-feira iniciou as negociações com a Ford, nos Estados Unidos.