Nem bem assumiu a secretaria executiva do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, o engenheiro Edgard Brandão Filho adiantou que a verba de aproximadamente R$ 30 milhões para diversos projetos de mobilidade urbana nas sete cidades do ABC já está em fase bastante adiantada. “Tá acabando, semana que vem tem reunião na Caixa e talvez seja a penúltima. Esse é projeto antigo fiz questão de checar e quero concluir”, disse Brandão. “Agora tem que ir atrás do recurso para a execução plano de corredores de ônibus”, continua.
O secretário executivo ainda disse que em breve começam obras em Rio Grande da Serra e em Ribeirão Pires, que serão tocadas diretamente pela entidade regional. São obras de saneamento com recursos do Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos).
Brandão também destacou a importância do envolvimento parlamentar no consórcio, tanto de vereadores como de deputados estaduais e federais da região, para estabelecer uma agenda prioritária e para a busca de recursos externos de emendas parlamentares. Esse também deve ser o papel do escritório do Consórcio, montado em Brasília. “O nosso escritório fica a três minutos do Congresso, tem que buscar emenda parlamentar, não só dos deputados da região, mas de outros deputados que vieram buscar votos aqui”, destacou. E nessa linha Brandão defende veementemente a importância da representação do ABC na capital federal. “Tem que usar aquilo lá, eu usei bastante. Em Brasília o consórcio é reconhecido. Tem que chegar lá mostrar que a região 2,5 milhões de habitantes, que a arrecadação das prefeituras é de R$ 13 bilhões e que o PIB do ABC somado é o décimo do país, não é coisa pouca, é um grupo muito forte e a gente tem que mostrar a força conjunta”.
O engenheiro, com 49 anos de experiência na vida pública, disse que uma das questões emergenciais da região, que ficou evidente nos últimos três meses, é a das enchentes. “Está ficando cada vez mais insustentável na região; hoje se tem os sinais de alerta, mas precisa ir mais adiante, criar um canal mais direto com o munícipe, acho que centralizar as informações via Consórcio e passar para o munícipe vai dar muito mais resultado”.
DISSIDENTES
Outra tarefa árdua que Brandão terá que enfrentar é a reaproximação com as prefeituras que deixaram o consórcio, como Diadema, que formalizou a saída em 2017, e São Caetano e Rio Grande da Serra que tem até maio do ano que vem na entidade. “Quando o prefeito Paulo Serra (PSDB – Santo André) me chamou disse que é um desafio, que não é só organizar o que está, é conseguir que os municípios voltem a se integrar. Como fazer alguma proposta que não envolva os sete municípios, por exemplo, no sistema viário integrado como vai fazer? Parar na divisa? Então o prefeito está conduzindo isso muito bem. Por enquanto estamos mais focados na questão financeira. O prefeito Paulo Serra entendeu que era um momento de tentar uma negociação”.
AEROPORTO
Experiente e com atuação durante três anos na Infraero, que gerenciava os mais importantes aeroportos do país, Brandão diz querer colaborar para o projeto de um aeroporto de cargas na região do ABC, porém avalia que essa ideia está muito mais para a inviabilidade. Na USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) há um estudo em andamento, capitaneado pelo professor Volney Gouveia, que inclusive já identificou três áreas ao longo da Rodovia dos Imigrantes, em São Bernardo que comportariam o empreendimento.
“Primeiro precisamos ver se precisa mesmo fazer aeroporto, estamos a 20 quilômetros de Congonhas, a 22 do Campo de Marte, e 27 de Guarulhos, precisa mesmo? Se estivéssemos a 100 quilômetros talvez. Com o Rodoanel, estamos muito próximo dos aeroportos e Guarulhos já recebe 72% da carga aérea do país e é uma central moderna. É um custo muito alto e demoraria demais. Acho que não temos que pensar muito nisso, mas se eu puder apoiar, eu gosto e iria atrás”, ponderou.