Ainda “surpresos” com a notícia do encerramento das atividades da planta da Ford, em São Bernardo, algo que acontecerá em novembro, o Poder Público local iniciou nesta quarta-feira (20), uma “campanha” para que a montadora reveja sua decisão. Na Câmara, uma comissão especial foi formada para acompanhar o caso e o prefeito Orlando Morando (PSDB) terá reunião com a diretoria da empresa e o governador João Doria (PSDB) para tratar do assunto.
O encontro entre Morando, Doria e a presidente da Ford, Lyle Watters, acontecerá nesta quinta-feira (21). A expectativa do chefe do Executivo são-bernardense é que haja a abertura das negociações para a manutenção da fábrica e por consequência dos cerca de 3 mil empregos gerados. Em entrevista ao jornal SP1, da TV Globo, o tucano não escondeu sua irritação com a situação.
“A única coisa que não pode ser tomada é uma decisão unilateral. Simplesmente comunicar os trabalhadores e a Prefeitura que vão fechar a planta. Se eles não abrirem o diálogo, eu vou radicalizar nas minhas medidas contra a montadora”, disse o prefeito.
Orlando Morando anunciou que uma representação foi endereçada ao Ministério Público do Trabalho pedindo “a adoção de providências voltadas a proteção dos interesses difusos e coletivos, decorrentes do risco de rompimento da relação do emprego e direitos dos empregados da referida empresa.
A montadora responde por 1,72% da arrecadação de ICMS da cidade (R$ 14 milhões ao ano) e por 0,8% do ISS (R$ 4 milhões).
Câmara de São Bernardo cria comissão especial
Enquanto isso na Câmara, os vereadores aprovaram por unanimidade o projeto de resolução para a criação de uma comissão especial para tratar sobre a saída da Ford. O autor da matéria, o presidente do Legislativo, Ramon Ramos (PDT), vai liderar os trabalhos com outros 12 vereadores que representaram os partidos que são representados na Casa.
“A partir de agora vamos movimentar essa comissão. O primeiro trabalho decidido é a ida até a Ford, na terça-feira (26), às 6h, pois, terá uma Assembleia e o componentes a comissão vão participa, junto com o Sindicato (dos Metalúrgicos do ABC) e os funcionários, com o prefeito Orlando Morando, até porque o prefeito recebeu a noticia através da imprensa”, explicou o vereador.
Segundo o regimento interno da Câmara, no artigo 67, inciso 2º, uma comissão especial deve “entregar ao presidente da Câmara Municipal o relatório de seus trabalhos, dentro do prazo que lhes foi fixado (30 dias). Os relatórios são despachados pelo presidente da Câmara Municipal, a, imediatamente incluídos na ordem (do dia) para serem discutidos e votados em Plenário”.
Integrantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC estavam no Legislativo para acompanhar não apenas a formação da comissão especial, mas também a votação da nota de apoio aos funcionários da empresa. Segundo o secretário-geral da entidade, Aroaldo Oliveira, o Sindicato tentou por diversas vezes contato com a empresa para que houvesse negociações, porém, todas as tentativas foram em vão.
Oliveira desconfia de outras intenções da montadora para sair da América do Sul. “Com mercado de caminhões como este, a montadora não vai fechar do nada, ela vai querer trazer de outro lugar. Quer usar o mercado brasileiro, mas trazendo a produção de outro lugar”, afirmou o sindicalista.
Em 2018, o mercado de caminhões no Brasil cresceu 47%, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores). Foram vendidos 76.431 caminhões no ano passado. A Ford foi a quarta montadora que mais vendeu, com 9.306 unidades, uma participação de 12,2%.