A Ford anunciou nesta terça-feira (19/02) a sua saída do mercado de caminhões. A companhia norte-americana disse que a medida é um dos passos para “o retorno à lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul”. A companhia informou também que encerrará a produção da planta de São Bernardo ao longo de 2019, onde hoje produz caminhões e também o modelo Fiesta. A decisão representa, segundo informações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a demissão de 2,8 mil trabalhadores.
A empresa disse que os custos com essa decisão serão de cerca de US$ 460 milhões. A fábrica é a mais antiga em operação da montadora no Brasil. A companhia informou que a decisão faz parte de um esforço para voltar a lucrar na América do Sul. Em balanço referente ao ano passado, a Ford apresentou prejuízo de US$ 678 milhões na região.
A fábrica de São Bernardo produz caminhões, picapes e o modelo Fiesta. No Brasil, a marca ocupa a quarta posição no segmento, com 12% de participação em 2018, atrás da Mercedes-Benz, Volkswagen e Volvo. Nesta terça-feira houve manifestação dos trabalhadores, organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC dentro da planta, no bairro Taboão, a mais antiga da montadora no País.
O presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Vagnão, disse que os trabalhadores foram surpreendidos pelo anúncio da montadora nesta terça-feira. Segundo ele havia uma expectativa de negociação. “Estávamos nos preparando para isso desde janeiro quando entramos em estado de luta, mas hoje nos deparamos com esse anúncio, que não considera cada trabalhador ou trabalhadora que são atingidos por uma empresa que visa lucro somente. Se ela (Ford) tem essa intenção vai pagar o preço pela decisão que está tomando”, disse o presidente do sindicato, que imediatamente fez assembleia com os trabalhadores e decidiram paralisar as atividades e voltar à montadora somente terça-feira (26/2).
O sindicalista, porém, deu dica de que vai buscar algum tipo de sanção econômica, caso não haja negociação. “Não ache que vai desistir do Brasil e de seus trabalhadores e vai continuar vendendo no nosso mercado. Não vamos desistir, não aceitamos esse anúncio”, destacou Vagnão.
Surpresa
Morando disse ainda que tentará contato com o presidente da Ford no Brasil, Lyle Watters. “Assim que soube da notícia pela imprensa, procurou o presidente da Ford no Brasil, que ainda não atendeu. Houve contato também com o gabinete do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e o prefeito aguarda o retorno”, informa nota da Prefeitura. O prefeito também buscou apoio no governo do Estado para tentar reverter a situação. “O governador João Doria (PSDB) já se colocou à disposição para que junto com o prefeito pressione o presidente da Ford a fim de entender os motivos, amenizar o caos e garantir justiça e dignidade aos trabalhadores e a população de São Bernardo”.