Menos de 24 horas após a morte de quatro crianças soterradas em dois deslizamentos que ocorreram neste sábado (16), o prefeito afastado de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), e a prefeita interina, Alaíde Damo (MDB), resolveram trocar farpas por meio de notas oficiais divulgadas neste domingo (17). O principal ponto de discórdia são as obras em relação as áreas de risco no município.
Atila foi o primeiro a se posicionar. Em texto divulgado nas redes sociais, o socialista afirmou que “Mauá é uma cidade que cresceu sem planejamento, com famílias se estabilizando em áreas de risco, por total omissão das administrações anteriores”. Na sequência, acusou a gestão interina de paralisar todas as intervenções que eram realizadas na cidade.
“Infelizmente, a exemplo de todos os serviços em Mauá, a gestão interina da vice-prefeita Alaíde Damo paralisou as intervenções em andamento no Zaíra, sem justificativa ao povo. Lamento que a ânsia política de desconstruir o que foi feito em nossa gestão prevaleça sobre os interesses de nossa cidade”, afirmou Jacomussi.
Na sequência Alaíde Damo resolveu se posicionar, também por nota oficial. No texto divulgado a prefeita interina afirmou que por 47 dias “substituiu o que o Tribunal Regional Federal chamou de organização criminosa”. Sobre a tragédia ocorrida na cidade, afirmou que “a atual gestão forneceu todos os meios necessários para ajudar as pessoas que sofreram com esta tragédia, disponibilizando acolhimento dos desabrigados, com alimentos, água, roupas, transportes, etc.”.
Também garantiu que não houve paralisação de obras no jardim Zaíra, pois, “trata-se de área particular, área de risco e invadida, não sendo permitido o afastamento ou realização de qualquer obra pública, sem que a mesma seja regularizada” e completou dizendo que houve esforço para a liberação de diversas obras financiadas pela Caixa Econômica Federal, para alojar pessoas em áreas de risco, principalmente dos moradores do Morro do Macuco e do jardim Oratório.
Em contato com o RD, o secretário de Obras, Agostinho Anselmo Martins, também confirmou a informação de que não houve paralisação de intervenções e que a administração de Atila Jacomussi foi “incompetente, inadimplente e negligente” por não quitar questões junto à Caixa, fato que seria a justificativa para os atrasos nas obras.
Por meio de sua conta no Instagram, o deputado federal Alex Manente (PPS) relatou que indicou emendas de R$ 1,2 milhão para obras de infraestrutura, oriundas do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) Áreas de Risco, porém, apenas R$ 400 mil foram utilizados e o restante ficou travado por problemas juntos à Caixa.
Confira vídeos:
Prefeito Atila Jacomussi chegou a anunciar 12 dias antes de ser preso o início do Programa “Pavimenta Mauá” no Jardim Zaíra, local que fez quatro crianças vítimas de deslizamentos ontem. Prefeitura de Mauá divulga nota oficial e diz que Ginásio São João está sendo destinado aos desabrigados; duas escolas também tiveram problemas de estrutura e terão rotina de aula alterada.
Após nota do prefeito Atila, Alaide se manifesta e rebate críticas. Secretário de Obras, Agostinho Martins, também critica gestão Atila sobre falta de convênio com a Caixa na questão habitacional.
Após declaração de secretário de Alaíde, pai de Atila pede união em Mauá e diz que não entendeu críticas de Agostinho Martins a ele.
O deputado federal Alex Manente (PPS) visitou a cidade de Mauá, neste domingo (17), para verificar a situação dos moradores do Jardim Zaíra após a tragédia do último sábado (16). Além de lamentar, o parlamentar falou sobre a emenda que enviou para obras de infraestrutura no município.