Construtora vende imóvel em área contaminada em Mauá

Estande de vendas da Construtora RRX permanece fechado (Foto: Pedro Diogo)

Os clientes que compraram apartamentos no Condomínio Cidade de Deus, na rua Rio Branco, 723/895, em Mauá, querem o dinheiro de volta. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) decretou a área como inabitável por conta da poluição do solo, causada por empresas que ocuparam o terreno até os anos 1990. Sem saber da contaminação muitos compraram unidades no empreendimento, que foi lançado no ano passado.

É o caso de Natalia Teodoro Rodrigues Silva, que já investiu R$ 35 mil no imóvel e que diz ter parado de pagar em dezembro. “Comprei em fevereiro de 2018, fiz o parcelamento direto com a construtora, mas como o registro da incorporação nunca saía começamos a cobrar e descobrimos essa situação do terreno contaminado”, diz a compradora, que buscou as empresas envolvidas para ter o dinheiro de volta. Natalia afirma que está em contado com a imobiliária Rochner para a devolução. O diretor da Rochner Negócios Imobiliários, Reinaldo Ector, conta que assim que foi comunicado da situação as vendas foram paralisadas. “Não tem venda até que se esclareça essa situação”, relata.

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Apesar do plantão de vendas da Rochner não estar em funcionamento, pela internet o Condomínio Cidade de Deus é amplamente divulgado em vários sites de imóveis, tendo como vendedora a imobiliária Abyara Brasil Brokers. Contatada pela reportagem, a assessoria de imprensa da empresa não se manifestou até o fechamento desta edição.

Em nota, a Cetesb afirma que a área está contaminada. “A contaminação é resultante da atividade das indústrias químicas Uniroyal e Unimauá, que fecharam na década de 1990 e posteriormente a área foi comprada pela Igreja Batista Água Viva. Na transição de proprietários, ocorreu o desmembramento do terreno e, a partir de 2010, a igreja ficou com uma parte e a Leblon Transportes ficou com outra. A Cetesb solicitou aos novos proprietários uma investigação detalhada e as medidas propostas para intervenção e remediação das áreas. Até a conclusão da investigação e parecer da Cetesb sobre a proposta de reutilização das áreas, o local não pode ser ocupado”, sustenta o órgão de controle ambiental.

“Era um sonho e estão fazendo isso com a gente, precisamos de ajuda”, disse um comprador que se identificou apenas por Alex e que contou já ter pago cerca de R$ 43 mil. “Parei de pagar em novembro, depois que soube da contaminação. A gente comprou confiando na igreja e nas pessoas da igreja. É muito chata essa situação, ficam enrolando a gente e nada de fazer o distrato, nada de pagar”, lamenta.

Apesar da contaminação, a obra do Condomínio Cidade de Deus tem alvará provisório emitido pela Prefeitura de Mauá. Em nota, a administração diz que a autorização depende de apresentação de laudo da Cetesb. “A Prefeitura de Mauá informa que foi emitido um alvará provisório para que os proprietários obtivessem a aprovação junto a outros órgãos. Este alvará foi emitido em 27/11/18 e está condicionado à apresentação do laudo da Cetesb”.

Os responsáveis pela Construtora RRX não foram localizados para comentar o assunto, mesmo após reiteradas tentativas.

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