Depois de ter anunciado sua aposentadoria da política, o ex-prefeito de Santo André, João Avamileno (PT), que governou a cidade entre 2002 e 2008, admite a possibilidade de voltar a disputar a prefeitura. Outro ex-prefeito, Carlos Grana, também do PT , disse em entrevista recente, que na atual conjuntura, o melhor nome para disputar a prefeitura em 2020 seria o de Avamileno.
Revelando várias mágoas do partido, Avamileno, que está com 74 anos, diz que esse reconhecimento de integrantes do partido veio tarde, mas se diz pronto e preparado para a função se for escolhido pela maioria do diretório. “Eu acho que isso atrasou um pouco, mas de toda a forma eu agradeço os meus companheiros pela boa lembrança. Estou com 74 anos, e descansando, mas independente disso a minha cabeça está muito boa ainda e, se realmente eu tiver um apoio e o partido aceitar algumas exigências na minha candidatura, quem sabe eu seja novamente candidato”, disse o petista.
Avamileno disse que uma das exigências é que não haja disputa interna. “Para ser candidato de verdade eu vou querer algumas coisas importantes, uma delas é que não quero disputa, sem prévia, não vou disputar com ninguém. Dessa vez, se não for unanimidade, quero pelo menos 95% de apoio do partido”, disse o ex-prefeito que contou também que ainda não foi procurado pelos caciques petistas. “Até o momento a procura foi de pequenas lideranças, as grandes, se me procurarem a gente vai conversar”.
O petista disse que as lideranças nacionais do partido também precisam ser consultadas e entrar na discussão pela futura chapa. “Embora as lideranças do partido de fora de Santo André, sempre respeitarem as nossas decisões, elas teriam que ter a participação neste dialogo para garantir uma unidade melhor e apoio maior à minha candidatura. Vou aguardar que me procurem. As pequenas mágoas que eu tenho seriam melhor abafadas se eles me procurassem. Não quero procurar briga ou desavença com qualquer um do PT, elas (mágoas) já foram esquecidas por mim, mas num momento de candidatura a prefeito, que venha unificar o partido, elas tem que ser colocadas na mesa, eu tenho que fazer esse desabafo e isso pode fortalecer a minha campanha no ano que vem”.
O último cargo eletivo que foi disputado por Avamileno foi a sua tentativa de vaga na Assembleia Legislativa em 2010 e naquele pleito ficou clara mais uma vez a falta de apoio integral do PT. “A campanha foi boa nas ruas, mas ruim em apoio partidário, foi na raça, a maioria da militância da cidade não me apoiou, foi para o Grana e outras candidaturas, mas eu tive uma boa votação, 53 mil votos, mas precisava de um mínimo de 70 mil”.
O ex-prefeito disse que sua história o credencia para a pleitear o cargo. “A campanha ela não é fácil, mas como tenho um bom nome na cidade, como deixei a prefeitura bem equilibrada, como deixei marcas importantes na cidade, eu acredito na minha força e que, tendo unanimidade no partido e discutindo as desavenças, nós poderemos no ano que vem voltar a vencer as eleições”, disse. As marcas que ele elenca como mais importantes são: o Hospital da Mulher; a Sabina; o viaduto Cassaquera, último feito em Santo André; urbanização de núcleos; investimentos em moradia.
Sobre a possibilidade de ingressar em outra legenda, Avamileno ainda acredita que o PT é onde se sente melhor, mas também diz que a saída não é impossível. “(sair) é difícil, mas a gente não pode descartar, na política não se descarta nada. O PT está no meu coração, ajudei a fundar, tive grandes momentos de emoção nele. As coisas que ocorrem o partido não tem culpa, o PT é um partido bom, como existem outros partidos bons. O estatuto é bom e a estrela do PT me comove, é um partido a que dei minha vida. O PT e o Sindicato dos Metalúrgicos foram meu esteio, me emocionam e são tudo para mim. Vamos tirar esse ódio do PT, que vai completar 39 anos”.
Avamileno presidiu o PT de Santo André por dez anos entre 1995 e 2005 e disse que na sua gestão o partido obteve grandes conquistas, entre elas a sede própria, que agora se cogita a venda para pagar dívidas de campanha da sigla. “O melhor momento do PT em Santo André foi o momento e que presidi o partido. Não só porque eu presidi, foi porque tive apoio do Celso Daniel, porque tinha um diretório comprometido com as questões partidárias, adquirimos uma sede e tivemos uma grande participação de filiados. Naquele tempo foram conquistadas as maiores vitórias na cidade pelo PT . Sobre a venda da sede avalio que é uma situação difícil, o valor devido é muito grande, mas sou contra a venda porque ela foi conquistada com muita luta pelos petistas”, finalizou.