“Participava das coisas do plenário, mas como presidente da Câmara consegui aprender muita coisa”, foi assim que o vereador de Santo André Almir Cicote (Avante) falou sobre as “novidades” que teve que encarar pela sua passagem pela presidência do Legislativo, entre 2017 e 2018. Em entrevista ao RDtv, o parlamentar acabou criticando colegas que utilizam a falta de informação sobre o regimento interno para “trazer a população para seu lado”.
“O vereador tem que se preparar para ir para o plenário, conhecer o regimento interno. Muitos acabam tendo algumas ações para trazer o público para o seu lado. Mas consegui ter calma em todos os momentos em que isso aconteceu e conseguimos manter a Câmara em um ambiente democrático”, explicou sem citar nomes.
Cicote teve que encarar uma série de polêmicas durante sua gestão como gestor da Câmara. A última foi uma consequência da principal delas, o afastamento (com direito à prisão) da vereadora Elian Santana (SD). Durante as últimas sessões que liderou, o experiente vereador teve alguns embates com o colega Sargento Lobo (SD).
A primeira envolvendo discursos voltados ao caso de Elian, quando Lobo indicou a abertura de um processo na Comissão de Ética da Casa contra a colega de partido, tomando como base a ação que foi impetrada contra o Policial Militar que teria faltado com o decoro com a vereadora durante uma sessão. Tal ideia acabou chamando a atenção de Cicote que rebateu, afirmando que existia uma investigação da Polícia Federal e todos deveriam aguardar.
O discurso do então presidente acabou irritando Lobo que pediu novamente a palavra, mas como não havia um mecanismo no regimento interno que permitisse, os legisladores começaram a bater boca e o sargento chegou a dizer que não havia democracia na Câmara andreense.
Outro embate entre Lobo e Cicote ocorreu na votação da nova Mesa Diretora da Casa. Contra o acordo feito entre a maior parte da bancada governista e a maioria do grupo petista, Sargento Lobo resolveu fazer um discurso antes da votação, algo que não é permitido. Chegou a ter a vez de votar postergada e após certa insistência, se absteve.
Quando questionado sobre a utilização da falta de informação da população sobre o regimento interno como manobra para criar alguma situação de irritação, Almir Cicote concordou. “Alguns aproveitam que a sessão é transmitida ou que o plenário está com muitos munícipes e tenta fazer algo para aparecer. Eu era acostumado a debater, mas agora consegui aprender ainda mais sobre a Câmara”, disse.
Além dos embates internos, outras polêmicas da Câmara de Santo André foram a votação da atualização da Planta Genérica de Valores (PGV) que culminou no aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) – que posteriormente foi revogado, e a licitação para instalação de um sistema de controle de acesso ao Legislativo.
“Não vou entrar em polêmicas. É algo natural em todos os locais públicos, para identificar as pessoas que entram. Infelizmente algumas coisas aconteceram na Casa e não se sabe quem foi, pois não tem um sistema adequado. Um assessor meu, por exemplo, teve o carro furtado, mas ninguém conseguiu ver o momento do roubo”, completou.