A taxa de escolarização de jovens entre 18 e 24 anos é de 18%, longe do projetado pelo Plano Nacional de Educação, que prevê 33%. O principal motivo, segundo estudo apresentado pelo professor Álvaro Francisco Fernandes Neto no Conjuscs (Carta de Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul), é a evasão escolar, resultado da falta de conteúdo adequado no ensino básico, falta de identificação com o curso e custos elevados de mensalidade.
Dados do Censo do Ensino Superior (2018) indicam que, entre 2016 e 2017, houve evasão de 30,1% na rede privada e 18,5% na rede pública no ensino presencial. Na modalidade a distância, a evasão na rede privada foi de 36,6% e na pública 30,4%. Diante do cenário, foi aplicado questionário a 423 alunos ingressantes dos cursos de Administração, Engenharia Química e Engenharia da Produção para entender as principais dificuldades no primeiro ano de um curso superior e os reais motivos que levam boa parte dos estudantes a abandonarem os estudos.
Na percepção dos entrevistados, 60,7% consideram que o desempenho no ensino fundamental foi bom e ótimo. Em contrapartida, 51,3% acreditam que o ensino médio foi ruim ou regular, um dos principais motivos para a evasão. “Os estudantes não relacionam o conteúdo das disciplinas aplicadas com a realidade do cotidiano. Por isso, grande parcela não tem o hábito de estudar fora da sala de aula e muitas vezes não se identificam com o conteúdo do ensino superior”, explica o mestre responsável pelo estudo, Álvaro Francisco.
A disciplina de Matemática também é fator que corrobora com a evasão dos estudantes. Entre os entrevistados, 172 (40,7%) consideram a disciplina difícil de entender, e outros 162 alunos (38,3%) disseram que entendem o conteúdo, porém não conseguem resultados satisfatórios nas provas. “Mais de 40% dos entrevistados dizem que não fazem exercício foram de aula, o que contribui na desistência quando vão de encontro com a realidade do ensino superior”, ressalta o especialista.
Redução de matrículas
Com exceção de Mauá que teve aumento de 7,12%, o número de matrículas no ensino superior também apresentou queda. Entre as sete cidades, o índice de matrículas caiu 62,43% ao longo do período da pesquisa (2012-2016). Ribeirão Pires elencou com menos inscrições em 2016, a redução foi de 16,3%, enquanto Santo André apresentou queda de 15,8%, São Bernardo de 12,46, Diadema de 10,9% e por fim São Caetano com 6,97% de redução.
“Entre os fatores que contribuem para a redução da matrícula está a localidade e até mesmo o preço e financiamento das instituições. Agora, com as dificuldades de financiamento, o número de matrículas cai consideravelmente”, acrescentou.
Na visão do especialista, tanto a evasão quanto as matrículas são assuntos que devem ser tratados minuciosamente pelas instituições de ensino, de forma a atender as deficiências apontadas pelos estudantes. “Cabe também atenção especial do poder público, especialmente na adequação do conteúdo apresentado aos alunos de ensinos básico e médio. Somente dessa forma a evasão será minimizada”, diz o estudo.