“(A cassação) é questão de tempo para que aconteça por causa do que já ocorreu em outro julgamento com a mesma doadora”, foi assim que o deputado federal eleito Kim Kataguiri (DEM) comentou o caso de suspeitas de doações ilegais para a campanha do prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), em 2016. Em entrevista ao RDtv, neste sábado (8), o democrata também analisou as últimas movimentações em Brasília em torno do futuro governo Bolsonaro.
Autor de um dos pedidos de impeachment contra Auricchio e negados pelo Legislativo local, Kataguiri considera que o julgamento que cassou o mandato do vereador paulistano Camilo Cristófaro (PSB) por receber doações ilegais atribuídos a Ana Maria Comparini Silva, que supostamente também apoiou o PSDB em São Caetano, pode acelerar o processo contra o chefe do Palácio da Cerâmica.
“Não faz o menor sentido o menor sentido de um vereador ser cassado por uma doação ilegal de R$ 6 mil e não cassar o prefeito que recebeu uma doação muito maior, dez vezes mais, 20 vezes maior, 30 vezes maior, então é essencial que a população cobre uma decisão mais firme da Justiça e a Câmara não teve a coragem de ter essa atitude”, disse o líder do MBL (Movimento Brasil Livre).
Kim (foto) considera que a população sul-sancaetanense deveria comparecer ao Fórum do município na próxima quinta-feira (13), quando ocorre o depoimento de Auricchio e de seu vice, Beto Vidoski (PSDB), sobre o caso. “A pressão pode ajudar sim, basta ver o que aconteceu no processo de impeachment conta a ex-presidente Dilma (Rousseff, PT)”, completou.
A Justiça Eleitoral suspeita que a chapa Auricchio/Vidoski tenha recebido duas doações ilegais durante a campanha de 2016. A primeira de R$ 350 mil oriundos de Ana Maria, moradora de Jundiaí. Em 2017, o RD esteve na casa da doadora que não reconheceu a imagem do prefeito de São Caetano. Ana Maria supostamente também doou R$ 6 mil para campanha de Cristófaro.
A segunda suposta doação ilegal é de Maria Alzira Abrantes no valor de R$ 293 mil. Segundo apuração da nossa reportagem, também no ano passado, no momento da campanha eleitoral essa doadora estava internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de um hospital na Capital após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral) que causou o seu óbito em 2018. A investigação do Ministério Público aponta que um parente de Maria, Eduardo Abrantes, atuou como contador da campanha tucana em São Caetano.
Governo Federal
Questionado sobre as últimas movimentações na Capital Federal antes do início a gestão de Jair Bolsonaro (PSL) na Presidência da República, Kim Kataguiri demonstrou preocupação com o racha dentro do PSL, principalmente após a discussão pelo WhatsApp dos deputados federais eleitos Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann, nesta semana.
“Essa mesquinharia pode destruir o Governo. O presidente da república já não tem a maioria no Congresso, dos deputados. Se começar com o racha dentro do partido, os demais partidos vão sentir o cheiro de sangue dentro do PSL e vão começar a rifar o PSL, vão começar a exigir espaço nos ministérios”, disse o parlamentar eleito.
Kim também revelou que na próxima terça-feira (11), haverá uma reunião entre a bancada do DEM e Bolsonaro, para averiguar as últimas movimentações, principalmente em torno do entendimento sobre os ministros anunciados e que são filiados ao partido. Para Kataguiri, este fator não garante que a legenda vai se portar completamente como uma bancada governista.
“Eu não vejo o Democratas, mesmo com as indicações para ministros de Governo, fechado totalmente com o Governo. Eu não vejo as indicações dos ministros como indicações partidárias e deve até ser um problema para o Bolsonaro, pois pode acabar gerando ciúmes dos demais partidos políticos”
Confira a entrevista completa: