Após o resultado do julgamento do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), que manteve a decisão de primeira instância de cassar o mandato do vereador da Capital Camilo Cristófaro (PSB), nesta quinta-feira (6) o advogado e especialista em direito eleitoral, Arthur Rollo, afirmou em entrevista ao canal RDtv que o caso do prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), “é mais grave” do que o que envolve o socialista. Ambos receberam doações consideradas suspeitas pela Justiça Eleitoral.
Cristófaro perdeu o cargo por ter recebido uma doação considerada ilegal pela Justiça Eleitoral no valor de R$ 6 mil de Ana Maria Comparini Silva, durante a campanha eleitoral de 2016. A mesma doadora também concedeu R$ 293 mil para a campanha de Auricchio e de seu vice, Beto Vidoski (PSDB), na mesma época. Para Rollo, a única diferença entre os casos é a “morosidade” sobre a questão sul-sancaetanense.
“A diferença entre os casos é que um tramitou dentro dos processos eleitorais de maneira rápida e esse de São Caetano acaba tramitando de maneira mais morosa, e é fato isso, pois a Justiça Eleitoral é rápida e em muitos casos já está terminando o segundo ano de mandato de prefeito e com uma acusação gravíssima de suposto abuso econômico, que é uma questão seríssima, nós estamos falando de quase 50% do montante da campanha, então é uma acusação séria que até agora não se teve resposta”, disse o magistrado.
Além do caso de Ana Maria, outra doação para a campanha tucana que também é considerada suspeita pela Justiça Eleitoral é de Maria Alzira Garcia Correia Abrantes, que doou R$ 350 mil. No momento da doação Maria estava internada em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral), o que causou o seu óbito neste ano.
Segundo o procurador regional eleitoral substituto, Pedro Barbosa Pereira Neto, que foi o relator do caso de Cristófaro, Maria Alzira é parente de Eduardo Abrantes, contador das campanhas do vereador paulistano e também de Auricchio e Vidoski.
Para Arthur Rollo, a demora na análise do caso de São Caetano acaba prejudicando até mesmo o chefe do Executivo municipal. “Até para o próprio prefeito, a demora do processo é ruim, porque enquanto isso acontece fica uma espada no pescoço dele. Não é bom para a cidade, não é bom para a política local, não é bom para a Justiça Eleitoral e não é bom para a área jurídica, ou seja, para ninguém”, afirmou.
“Eu não tenho dúvida que o caso de São Caetano é infinitamente mais grave que o caso do vereador Camilo Cristófaro, é muito pior, o valor muito absurdo, cerca de R$ 300 mil. O fato é grave, é uma coisa séria, estamos falando de uma eleição de prefeito e, com certeza, se confirmar o que está sendo colocado, certamente a disputa em São Caetano (em 2016), com um valor desta ordem, causa um desequilíbrio na disputa”, completou.