Intolerância religiosa está presente no ambiente escolar

Uma pesquisa realizada em escolas de vários Estados do País constatou que a intolerância religiosa em estabelecimentos de ensino é um problema grave e ainda invisível para as autoridades e a sociedade. Entre os problemas encontrados estão profissionais despreparados para lidar com diferentes religiões, ofensas e isolamento de crianças e professores.

De acordo com a pesquisadora Denise Carreira, mestre em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e relatora nacional pelo Direito à Educação, o preconceito religioso está presente no cotidiano escolar.

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“Observamos que o preconceito tem crescido muito entre os grupos pentecostais, que detém forte poder midiático e que, muitas vezes, demonizam outras correntes religiosas, como as de origem africana”, destaca.

Casos de proibição de livros com informações religiosas, do ensino da capoeira e até demissão de professores também foram observados durante a pesquisa. “Esse preconceito com determinadas seitas contribui com situações de violência e notamos a ambiguidade do Estado sobre sua laicidade, que é claramente mais tolerante com cristãos”, critica Denise. Segundo a educadora, a lei que obriga o ensino da cultura afro-brasileira não está sendo cumprida pelas escolas do País, o que seria um instrumento fundamental no combate ao racismo.

Responsabilidade é das escolas, diz docente

Para a professora de Comunicação e Religião da Faculdade de Teologia da Universidade Metodista, Magali do Nascimento Cunha, as instituições de ensino têm responsabilidade na luta pelo fim da intolerância religiosa no ambiente escolar.

“As escolas devem chamar a atenção para as relações humanas, ensinar a aceitar a outra pessoa como ela é. É preciso ensinar sobre outras culturas e a importância das religiões, desde os primeiros anos escolares”, explica a docente.

O preconceito religioso, segundo Magali, está presente na nossa sociedade desde o sistema colonial, quando o cristianismo foi implantado à força pelos portugueses em relação aos índios e, posteriormente, com os escravos africanos.

“O problema é que, durante séculos, tudo o que vinha da África, e não apenas as vertentes religiosas, era considerada inferior. Esse preconceito com manifestações da cultura africa persiste até hoje”, lamenta a professora de Religião.

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