Falta de água afeta moradores do segundo subdistrito em Santo André

Sem água, Lúcia Leite da Silva não consegue lavar roupa (Foto: Pedro Diogo)

Há cerca de um mês, os moradores do Parque Capuava e do Jardim Ana Maria, em Santo André, sofrem com a falta de água entre as 19h e às 6h da manhã. Nesta quarta-feira (5/12) a queixa é geral no Jardim Ana Maria, Parque Erasmo e Parque das Nações, e em várias ruas, como Nepal, Marco Aurélio, Paquistão, Petrogrado, Singapura e Himalaia. Os bairros são os mesmos de 2016, quando chegaram a passar cinco dias sem água e tiveram mobilização de moradores e protestos no Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André).

Segundo Ednei de Rossi, morador do Jardim Ana Maria, de uns seis meses pra cá o fornecimento começou a apresentar falhas e nas últimas semanas tem faltado água todos os dias. Rossi conta também que os moradores do bairro ainda não entraram em contato com a Prefeitura , mas temem que a situação se agrave. “O medo é o problema se instalar como da última vez, em 2016, quando a região ficou 50 horas sem água”, afirma.

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A falta de água atrapalha a rotina principalmente de quem tem a vida corrida, como é o caso da costureira Izilda Aparecida Souza Bordoni, moradora da rua Singapura, que iria aproveitar a folga nesta quarta-feira (5/12) para adiantar o serviço doméstico, geralmente deixado para o fim de semana. “Queria lavar roupa, mas sem chance por causa da falta da água”, reclama.

José Roberto Martini, morador da rua Paquistão, relata que por lá a situação não é diferente. “Estamos ficando umas 12 horas sem água direto”, afirma. Martini conta que já tentou entrar em contato com o Semasa para saber o que acontece para que a água acabe todo dia, mas não obteve nenhum esclarecimento. “Eles passam a ligação de um lado para o outro e ninguém informa nada. É um descaso contra o povo. […] A água não pode faltar e, se for necessário [faltar], tem que ter o aviso”, cobra.

Sistema desenvolvido pela família para captação de água da chuva (Foto: Pedro Diogo)

Captação de água para escapar do problema

Quando começou a faltar água constantemente no bairro em 2016, Lúcia Leite da Silva, dona de casa moradora do Jardim Ana Maria, desenvolveu um sistema de captação de água da chuva junto com seu marido Anderson Luiz Bacan, para evitar os apuros decorrentes das torneiras secas. Com a instalação de duas caixas d’água, uma de 500 e outra de 310 litros, a família tem driblado bem o problema. “Com essa água eu tenho como lavar os banheiros, o quintal […] a solução que achamos foi essa”, conta. A água é coletada do telhado por meio de calhas e canos e despejada nas caixas d’água para armazenamento. Para tornar a água mais limpa, foi adaptado entre o cano e a caixa um sistema de filtragem para impedir a passagem das impurezas maiores trazidas pela chuva e uso de pedras de cloro para a desinfecção da água e adequação para o uso.

No entanto, mesmo com o auxílio das caixas, a dona de casa conta que outros serviços de casa ficam atrasados com a falta de água na rua. “Não lavo roupa e nem louça com essa água, porque ela não é limpa o bastante pra isso. O serviço fica atrasado e a gente sem saber o que fazer”, afirma sobre a falta de justificativa e aviso por parte da Semasa.

Em nota, o Semasa justificou o desabastecimento de água por conta de manutenção no sistema Rio Claro, da Sabesp. A companhia estadual suspendeu o fornecimento de água para a cidade às 6h e a expectativa, segundo a autarquia, é que o abastecimento seja normalizado durante a madrugada.

Em relação a falta de água um dia antes da manutenção, o Semasa informa que as ruas citadas sofreram reflexo da manutenção emergencial. Para realizar o conserto, a água foi fechada às 20h20 do dia 3 de reaberta às 14h09 do dia 4.

NOTA DIVULGADA POSTERIORMENTE PELO SEMASA

Em nota enviada na quinta-feira (6/12), o Semasa informou que não há desabastecimento para os imóveis dos bairros citados na reportagem há cerca de um mês.

A autarquia salienta que diariamente, das 21h às 5h, é aplicado o ‘horário sazonal’ para a região. O horário sazonal é uma medida que visa o combate às perdas de água no sistema de distribuição, pois no período da madrugada o consumo é menor. Com a parada das bombas há redução na pressão das redes de água, medida necessária para minimizar riscos de rompimentos e vazamentos (inclusive nas redes internas dos imóveis), além de permitir economia no consumo de eletricidade. Importante dizer que a medida é adotada em diversos pontos do município há anos.

Além disso, para a região citada na matéria, o Semasa mantém um ‘sentinela’, equipamento que monitora o abastecimento e a pressão da água nos pontos altos. A rua Petrogrado, que é atendida pela zona alta do Reservatório Erasmo Assunção, por exemplo, é uma das vias que possuem monitoramento on-line por meio do ‘sentinela’. A partir do diagnóstico efetuado pelo aparelho, não foi constatado nenhum período de desabastecimento.

Além do horário sazonal, pode haver alguma interferência no fornecimento de água quando ocorre alguma manutenção emergencial ou programada. Ontem (5), conforme informado ao veículo, o abastecimento foi suspenso às 6h em razão de uma manutenção no sistema Rio Claro, efetuada pela Sabesp. O fato foi informado pelo Semasa à imprensa e também nos canais oficiais da autarquia (site, Facebook e URA) desde segunda-feira (3). O abastecimento de água em razão desta manutenção já foi retomado na noite de ontem, sendo que a regularização do fornecimento para os pontos mais altos da cidade, deve ocorrer ao longo do dia de hoje (6)

O Semasa também informa diariamente sobre intervenções emergenciais pontuais que ocorrem no município por meio do ‘boletim da manutenção’. As informações ficam disponíveis nos dias úteis no site, no app e também no Facebook da autarquia.

Importante lembrar que os imóveis devem possuir caixa de água adequada ao número de usuários das residências, que assegure o fornecimento de água para até 48h. Essa medida garante que, durante o horário sazonal e em períodos de manutenção, os locais não fiquem desabastecidos.

O Semasa informa ainda que efetuou vistoria nesta quinta-feira (6/12), entre 11h30 e 12h30, em imóveis localizados nas ruas Nepal, Marco Aurélio, Petrogrado, Singapura e Himalaia, e constatou que o abastecimento de água estava normal em todas as residências.

A autarquia aproveita a oportunidade para esclarecer que está de portas abertas para receber os moradores que desejem conhecer o nosso Centro de Controle Operacional Integrado, responsável pelo monitoramento do sistema de abastecimento da cidade.

Por fim, esclarecemos que é importante que o usuário comunique o Semasa caso esteja com problemas de falta de água em seu imóvel para que a autarquia possa efetuar uma vistoria, se necessário, a fim de constatar problemas pontuais ou mesmo se a falta de água é ocasionada por alguma dificuldade interna do local.

REPÓRTER DIÁRIO

O Repórter Diário salienta que o tempo de desabastecimento citado na reportagem foi relatado pelos próprios moradores.

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