Depois que a Justiça Eleitoral diagnosticou ano passado que a eleição de 2016 foi permeada por doações irregulares e que entre estes casos estão doações à campanha do então candidato e hoje prefeito de São Caetano José Auricchio Jr. (PSDB), o que se espera é um desfecho desta questão. Mas até agora nada. A sociedade depositante de suas esperanças no Ministério Público, que tanta divulgação dá a operações como a Lava Jato e seus desdobramentos, não encontra o mesmo eco na promotoria de São Caetano, que agora faz silêncio sobre a investigação.
A questão principal é que na Capital, o vereador que recebeu da mesma doadora R$ 6 mil em doações irregulares, já teve o mandato cassado em primeira instância e agora, em segunda, o relator do processo no Tribunal Regional Eleitoral já deu seu voto favorável a cassação. E o processo de São Caetano, onde está? Ainda em primeira instância. O prefeito, que foi acusado de ter recebido quase R$ 300 mil ilegais, seria ouvido esta semana, mas sua oitiva foi adiada mais 15 dias. Concluímos que o acusado de roubar um pão já foi julgado e sentenciado, enquanto o que realmente assimilou um valor grande, está ainda ocupando cargo público sem nada ter respondido ainda.
Pela lei, não importa se foi pão ou milhão, crime é crime, mas a sociedade espera mais celeridade. Interessa até ao próprio prefeito a apuração destes fatos, afinal 2019 já se avizinha e no ano seguinte tem eleição de novo, e o tucano não vai querer ter esse arranhão na sua imagem. Isso se não for condenado antes, perder o mandato e ainda ficar inelegível. Quem espera resposta não é apenas a sociedade de São Caetano, mas a população da região e do país que quer acreditar que os processos eleitorais garantam de fato a lisura das contas. Em que pese tantas mudanças nas leis, ainda não se viram os efeitos, pois os escândalos continuam surgindo.