Neste sábado (1º/12) é celebrado o Dia Mundial de Combate a Aids, data em que se destacam os avanços das pesquisas que visam, não apenas entender a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, mas também conscientizar as pessoas sobre o assunto. Em entrevista ao RDtv, na última quarta-feira (28), a médica infectologista Elaine Matsuda explicou os principais pontos deste assunto, falou sobre o preconceito contra quem tem o HIV positivo e os dados relacionados ao ABC.
Segundo o Ministério da Saúde, até junho do ano passado, 82,3% das notificações envolviam homens. O mesmo cenário foi registrado nos dados do Programa DST/AIDS de Santo André em parceria com o Instituto Adolfo Lutz e auxiliado por recursos da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Em 2017, dos 150 casos novos registrados, 82% eram de pacientes do sexo masculino, sendo que 67% eram de casos envolvendo o grupo denominado HSH (homens que fazem sexo com homens), envolvendo principalmente jovens.
“Infelizmente ainda temos um problema em falar de sexo com os jovens em casa, não há abertura para falar, muito menos de prevenção. Então não dá para vir com o discurso de que sexo se ensina em casa, pois será uma tragédia. Quer dizer que eu não vou contar para o adolescente que existe Sífilis e HIV, e deixá-lo descobrir por ele mesmo quando for contaminado?”, disse Elaine.
A falta de informações e o preconceito ainda inerente na sociedade sobre o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis ainda causam a descoberta tardia da síndrome, algo que atrapalha ainda mais o tratamento.
“Hoje em dia uma pessoa que pensa que está em risco de pegar Dengue, por exemplo, vai ao médico e diz achar que está com Dengue. Seria muito importante que alguém, que se encontra em risco de ter o HIV, possa procurar um médico e dizer: ‘Doutor, acho que posso estar com HIV agudo, eu quero fazer o teste rápido, eu quero fazer a carga viral ser for o caso, porque se tenho, então quero começar a tratar’”, exemplificou a médica infectologista.
Doença
O HIV agudo é o período entre duas e quatro semanas após a infecção. Nesta situação, o paciente pode ter sintomas parecidos com outras doenças. “Seria muito importante que alguém que se encontra em risco de ter contraído o HIV recentemente, no período de 2 a 6 semanas, possa procurar os serviços de emergência, tendo conhecimento de que no início da infecção, o HIV se manifesta semelhante à qualquer outra virose e possa alertar o profissional que o atenderá para que os exames adequados possam ser solicitados, inclusive com a realização da pesquisa do vírus nos casos com pesquisa de anticorpus (sorologia) negativa”, disse.
O TRD pode ser feito de duas maneiras: saliva e sangue.Segundo Elaine, com base no banco de dados do núcleo de monitoramento, o período entre ser admitido no ambulatório e iniciar o tratamento, em Santo André, caiu de uma média de 38 dias, em 2016, para 29 dias, em 2017, e uma mediana de seis dias em 2018.
“Esse é um resultado do comprometimento da equipe. Cada um é importante, como a pessoa que fez a recepção no indivíduo que chegou tremendo com o seu primeiro exame com o HIV positivo, ou o paciente que chegou e nem sabia o que tinha. A equipe multidisciplinar, que faz o acolhimento, reconhece naquele caso a prioridade no atendimento, então conseguimos reduzir muito esse tempo de início do tratamento”, concluiu Elaine.