Enquanto o prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), quer negociar com a Sabesp uma dívida que calcula estar na casa dos R$ 1,5 bilhão, a credora põe muito mais dinheiro na conta. Segundo a companhia estatal, o valor devido pela Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) ultrapassa os R$ 3 bilhões. Tanto Jacomussi como o colega de Santo André, Paulo Serra (PSDB), estão preocupados com a dívida e esperam o governador eleito João Doria (PSDB) assumir, para retomar a negociação. O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) deve R$ 3,9 bilhões à companhia do Estado.
Em nota a Sabesp informa que “está à disposição para discutir eventual acordo com os municípios. No entanto, não há negociações em andamento”. Segundo a companhia, até última atualização em 31 de outubro, as dívidas estavam em R$ 3.037.763.050,69 (Mauá) e R$ 3.961.954.928,83 (Santo André). São Caetano não possui dívidas, uma vez que a autarquia no município paga regularmente as contas de compra de água no atacado à Sabesp. Diadema fez acordo e a Sabesp assumiu o comando da distribuição de água e saneamento na cidade em substituição à autarquia municipal. São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande também são atendidos diretamente pela companhia.
Ao falar sobre o assunto, o prefeito andreense culpou o período eleitoral pelo congelamento das negociações. “O período eleitoral torna tudo complexo. Deve ter uma mudança na equipe e estamos aguardando a transição. O Semasa já arrecada mais do que gasta; tem uma dívida de mais de R$ 3 bi, mas tem uma operação saudável. Modelo ideal seria gestão compartilhada ou do parcelamento desta dívida, mas em condições que possibilitem o pagamento. Por isso tem de sentar e fazer o encontro de contas, o grande problema hoje é o passivo”, analisa.
Atila Jacomussi, sugere uma gestão dividida entre a Sama, Sabesp e a BRK Ambiental, que já foi explanada para o governo do Estado, até mesmo com um projeto-piloto que a princípio envolveria investimentos para os bairros Jardim Oratório, Jardim Sônia Maria, Jardim Silvia Maria e Vila Santa Cecília, porém, não houve andamento. “Nós só temos que levar para a direção da Sabesp, porém, eu já tive conversas com o pessoal da BRK que demonstrou interesse neste modelo, então será mais fácil. Temos de lembrar que a BRK é uma das acionistas da Sabesp”, diz o prefeito.
Outro objetivo é manter em funcionamento a Sama. A autarquia municipal é responsável por todo o serviço de água em Mauá, sendo que a coleta e tratamento de esgoto são de responsabilidade da BRK Ambiental. Jacomussi quer uma resolução sobre o valor devido, que segundo o prefeito, está na casa dos R$ 1,5 bilhão, metade do valor informado pela Sabesp e a segunda maior dívida da região metropolitana, perdendo para o Semasa.