O dia da Consciência Negra, celebrado nesta terça-feira (20/11), marca a data da morte de Zumbi, líder do quilombo dos Palmares que lutou contra a escravidão e liberdade dos povos africanos. A data é de comemoração, mas também de reflexão sobre a importância da cultura afro-brasileira, que está presente na música, gastronomia, religião, política e em outros aspectos cotidianos, como vestimenta e língua.
No ABC, a data conta com diversas celebrações e homenagens. Nesta terça-feira (20/11), o Parque Central, em Santo André, recebe atrações culturais de matriz africana com objetivo celebrar a diversidade da cultura brasileira e mostrar a contribuição do negro na formação cultural do País. Rodas de samba, apresentações de maculelê – dança folclórica-, roda de capoeira e comidas típicas fazem parte da programação, que acontece das 10h às 17h. Também haverá show do cantor Royce do Cavaco e da bateria da escola de samba Tradição de Ouro. O ingresso é a doação de 1kg de leite em pó, que será destinado ao banco de alimentos da cidade.
Ainda em comemoração, a cidade promoveu durante o mês de novembro, curso de capacitação de professores sobre igualdade racial, com objetivo de sensibilizar educadores quanto a importância da inclusão da temática no currículo escolar.
Em Mauá, às 10h, acontece a Marcha para Zumbi dos Palmares, na praça XXII de novembro, região central. Representantes do movimento negro estarão presentes para um momento reflexivo que marca a luta por uma sociedade sem preconceito étnico e racial. A ação está em sua 12ª edição, gratuita e aberta ao público.
Ribeirão Pires também preparou programação para a data. A partir das 16h, a Vila do Doce, na praça central, recebe apresentações gratuitas de elementos da cultura negra. O grupo de capoeira Berimbrás se apresenta às 16h, seguido por shows de de música negra e MPB às 17h, apresentação do cantor Hermes Dumont às 18h, Hip Hop às 19h e samba de roda às 20h.
Na quinta-feira, 22/11, a câmara de São Caetano realiza Sessão Solene às 19h, na qual serão homenageadas diversas personalidades negras do município como Sandra Cassiano (presidente da comunidade do samba “Somos Nós”), João Carlos da Silva “Gabhu” (cantor, compositor e produtor), Reginaldo Romualdo Pereira “Pingo” (mestre-sala da escola de samba Vai-Vai), Grupo de Rap Máfia Negreira (Michel da Silva “Gangstar”, Thiago Santos “Ney”, Jackson Kim “Jack” e Denner Rodrigues “DJ Denner”), José Ailton Gonçalves “Zambu” (capoeirista), Maestro Diego Pacheco, Vanluiza Nicomédio (empresária). O destaque fica por conta da homenageada Alcidéa Miguel de Souza, escritora, compositora do Hino ao Voluntariado e única mulher negra membra da Academia de Letras da Grande São Paulo.
Ação Permanente
O Consórcio Intermunicipal do ABC também organiza atividades com o tema igualdade racial durante todo o ano, de forma a criar rede de ações permanentes para o combate da discriminação racial. A instituição promove a palestra 130 anos da Abolição, que acontecerá no início de dezembro, em data a ser definida, como encerramento das atividades temáticas promovidas pelas cidades da região em ocasião do mês da Consciência Negra (novembro). O encontro gratuito e aberto ao público, será ministrado pelo promotor de justiça Claudionor Mendonça.
Segundo Andreia Miguel, coordenadora do grupo temático (GT) Igualdade Racial do Consórcio, é por meio da conscientização e da educação que se combate de forma efetiva o racismo. “Queremos promover um período de reflexão sobre a importância do respeito com o outro”, diz. A coordenadora reforça também a relevância das ações e da importância do combate permanente à discriminação. “Não queremos ações pontuais, mas estender para os 365 dias do ano”, conta.
O Consórcio também promove ações de combate ao racismo fora do mês de novembro. Em 2018, o GT Igualdade Racial promoveu a exposição itinerante A Arte Negra na Cultura Brasileira, entre maio e outubro, e o curso de mediação social de conflitos, para a capacitação e orientação de funcionários públicos em situações de discriminação. A ação foi uma parceria com o Ministério dos Direitos Humanos. Andreia Miguel conta que, para 2019, o Consórcio já organiza outra edição do curso, de forma independente.
Além das atividades educativas, são organizadas ações que levam e conta as demandas da sociedade civil, como medidas para ressaltar a importância de políticas públicas que visem a saúde da população negra, principalmente da mulher, como o seminário Saúde da Mulher Negra. “As mulheres negras muitas vezes sofrem racismo até na hora do parto […] médicos forçam o parto normal com a desculpa de aguentariam mais dor”, conta.
Para além das ações promovidas pelo Consórcio, Andreia Mariano reforça a importância da igualdade racial, já que é por este meio que o racismo pode ter fim. Para ela, é importante que a população negra saiba também como funciona a denúncia e a punição para as ações racistas: há diferenças legais entre a injúria racial e o crime de racismo. “A injúria é a agressão verbal, por exemplo […] já o crime de racismo tem a ver com segregação, impedimentos por conta da cor da pele, tem efeito físico”, diferencia. O crime de racismo é inafiançável e as penas podes chegar a oito anos de reclusão.