As vésperas de mais um aniversário de Mauá, o prefeito Atila Jacomussi (PSB) tenta focar os esforços na “retomada” de investimentos do município após o período do governo interino. Em entrevista ao RDtv, na semana passada, o chefe do Executivo falou sobre as tratativas junto ao Governo do Estado e também sobre a relação com a vice-prefeita, Alaíde Damo (MDB). A apresentação foi de Leandro Amaral.
Leandro Amaral – O senhor se reunirá com o governador Márcio França para tratar sobre vários assuntos, entre eles, a questão do Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini. O senhor já falou que pretende pedir um aumento de repasses. Quais são os detalhes deste pedido?
Atila Jacomussi – Nós sabemos da importância do Hospital Nardini para Mauá e também para a região, pois atendemos Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e grande parte do tráfego de veículos e pessoas que passam pela cidade de Mauá através do nosso querido rodoanel que é um dos principais complexos viários. Nós sabemos da dificuldade para manter o hospital em boas condições para atender a população com qualidade. São repassados apenas R$ 950 mil. As cidades vizinhas que deveriam também buscar uma colaboração financeira também sofrem com a queda de arrecadação que levam muitas cidades a não repassar o que deveriam repassar para a cidade de Mauá. Hoje a cidade de Mauá está custeando sim a Saúde, a questão hospitalar, tanto da cidade de Ribeirão Pires quanto da cidade de Rio Grande da Serra, e a atenção especial não reclamamos não até porque nós somos seres humanos. Qualquer pessoa, qualquer ser humano que chegar para a área de urgência e emergência será atendido no Hospital Nardini, então queremos que o Estado tenha a compreensão de que hoje é necessário o aumento do repasse. Nosso governador Márcio França está preocupado e vou discutir com ele. Nós já temos um estudo prévio que nós apresentamos para ter um repasse de até R$ 5 milhões e esperamos que o Estado apresente uma contraproposta ou então aceite os R$ 5 milhões. O próprio governador eleito, João Doria, em uma das visitas dele à Mauá, ele falou até em estadualizar o hospital, da necessidade de estadualizar o hospital. Está no plano de governo dele.
LA – Quando nós falamos de estadualizar, até para que o nosso internauta entenda, é fazer com que o custeio de R$ 9 milhões do Hospital Nardini seja feito exclusivamente pelo Governo do Estado.
AJ – É basicamente transformar o Hospital Nardini no Hospital Mário Covas, mas de forma indireta já está (estadualizado), pois já estamos atendendo Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e até parte da zona leste da Capital.
LA – Existe algum percentual de quantas pessoas de outros municípios são atendidas pelo Hospital Nardini?
AJ – Para que se tenha uma ideia 30% das pessoas que são atendidas são de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, parte da zona leste da Capital e parte das pessoas que acabam passando pela cidade por causa do rodoanel, então é uma necessidade que se o custeio hoje é de R$ 9 milhões, então é prudente que o Estado custeio pelo menos um terço disso, até porque nós estamos fazendo novos investimentos no Hospital Nardini. Abrimos o novo pronto socorro do hospital, a nova área de emergência. Acabamos de inaugurar 38 novos leitos de UTI, sendo que dez leitos de alta complexidade com a categoria da UTI do Hospital Mário Covas, ou seja, nós temos a UTI mais moderna. Vamos dar o pontapé para a reforma do quarto andar. Sempre foi chamada a atenção deste dilema dos últimos cinco anos do governo petista em relação as obras do quarto andar.
LA – Quando terá início essas obras do quarto andar?
AJ – A partir de janeiro. A empresa vencedora vai assinar o contrato no início do mês de dezembro para começar as obras de fato.
LA – O que tem que ser feito no quarto andar?
AJ – Vai ser uma nova maternidade com centro cirúrgico, a nova UTI Neonatal, novo berçário e vamos fechar esse grande pacote, e dentro da nossa gestão, vamos tirar do atraso em quatro anos o que a gestão do PT não fez em 16 anos. Vamos inaugurar também a UPA Barão (de Mauá) no próximo dia 8 de dezembro com uma base fixa do Samu para atender todo o eixo Barão para atender a população. Também vamos inaugurar uma nova UBS do Jardim Itapark que vai funcionar em sua totalidade, inclusive com o Pronto Atendimento Infantil. No futuro também vamos iniciar a reforma da UBS da Vila Magini que está em péssimas condições com banheiros depredados, encontramos isso agora no nosso retorno. Estamos trabalhando duro para atender a população. Nós tivemos agora o retorno do programa Saúde em Dia, foram quase 5 mil atendimentos. Nós acabamos com a fila da mamografia, do ultrassom, do Papanicolau e da ultrassonografia vaginal para que possamos acabar com o câncer de mama e de colo de útero que tem altos índices na cidade de Mauá. Muita coisa boa está chegando na Saúde. Nós entendemos que é muito importante esse diálogo. Inclusive eu estive com o presidente da Fundação do ABC, Dr. Luiz Mário, conversando e pedindo junto ao Ministério Público uma melhor eficiência nos serviços da Fundação e que possamos editar essa dívida para um valor real e vamos abrir um novo chamamento, e a Fundação vai poder participar.
LA – É para a contratação de uma nova OSS (Organização Social de Saúde)
AJ – Vamos dividir em três lotes, pois nós não podemos viver com a Saúde do monopólio.
LA – Mas já tem uma previsão para isso, prefeito?
AJ – Deveremos assinar uma TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) nos próximos dias e depois vamos abrir um chamamento e a Fundação vai poder participar. A Fundação é uma empresa séria, mas que vive como qualquer OSS momento difíceis e os repasses só crescem e o desemprego vem trazendo uma dificuldade grande (de arrecadação).
LA – Mas será possível fazer esse chamamento ainda para este ano?
AJ – Não sei se ainda neste ano, mas vamos assinar o TAC e tem um segundo TAC para dezembro que estamos buscando, nos esforçando muito, para o retorno do atendimento na Santa Casa e que foi fechado pelo governo Alaíde Damo (MDB). Hoje nenhuma criança nasce mais na Santa Casa, porque o governo Alaíde Damo fechou as portas da Santa Casa para o povo e nós vamos reabrir.
LA – Em relação a dívida junto à Fundação do ABC, já foi feita alguma auditoria para saber sobre o valor real?
AJ – A auditoria vai ser iniciada assim que chegar ao número real. Deve ser contratada uma empresa do porte da GV.
LA – A Prefeitura que vai contratar?
AJ – A Prefeitura vai abrir o processo licitatório para contratar. Vamos ver qual é o tamanho da dívida e auditar.
LA – Ainda sobre o Hospital Nardini, sabemos que o governo Márcio França está terminando. Como manter as tratativas sobre o assunto com a eminência do novo governo comandado por João Doria?
AJ – Mauá é muito maior que os gestores e o período destes gestores. Nós temos certeza que o Márcio vai deixar isso bem adiantado. Quanto a questão do aumento do repasse isso depende exclusivamente do novo governador, ele tem a prerrogativa de mexer no orçamento do Estado e atender isso. Em relação ao João Doria tem a expectativa para que ele cumpra o que ele prometeu.
LA – O senhor já conseguiu falar com o João Doria?
AJ – Não, pois procuramos respeitar esse momento de transição, porque hoje existe um governador que é o Márcio França. A partir do momento em que o João Doria sentar na cadeira e tomar posse de forma real e aí vamos procurar o novo Governo do Estado, vamos procurar o nosso amigo Rodrigo Garcia que é uma pessoa em que tenho uma grande amizade. Fui deputado estadual junto com ele e tenho uma grande história com o Rodrigo que gosta muito de Mauá. Inclusive o vereador Manoel Lopes tem uma grande proximidade dele. Além disso, tem uma coisa que é o Gilberto Kassab, boa parte dos projetos do Ministério das Cidades veio na gestão dele. Ainda disso, vamos assinar nos próximos dias a questão da internet gratuita na cidade, nas praças e parques da cidade.
LA – Em relação aos servidores da cidade, existe alguma possibilidade de aumento ou reajuste para eles?
AJ – Sempre valorizamos os servidores. No ano passado Mauá foi a única cidade que concedeu aumento de salário. Infelizmente neste ano o governo Alaíde Damo nos tirou essa possibilidade, mas estamos conversando com o Sindicato para falar sobre o que pode ser feito.
LA – Entrando sobre a questão da Sama. Sabemos que é algo antigo, pois existe a questão da dívida e das negociações com a Sabesp. O que será falado sobre este assunto na reunião com o governador Márcio França?
AJ – O grande ponto é um novo modelo de saneamento para a cidade. Nós temos dois grandes problemas, o primeiro é a falta de água. A cidade vem crescendo de forma desordenada, vem se verticalizando com muitas pessoas vindo para Mauá para morar em apartamento. Além disso, os problemas dos pontos cegos de abastecimentos acontecem há mais de 20 anos, porque não houve investimentos em redes de água. Entre dezembro do ano passado e fevereiro deste ano passamos por blackouts frequentes, conseguimos vencer, a Sabesp religou o terceiro grupo a partir de março, então conseguimos estabilizar, mas temos agora o Verão quando o uso da água é muito mais frequente pelas pessoas e temos que fazer uma campanha do uso racional da água. Agora o ponto é a apresentação de um novo modelo entre a Prefeitura, que representa a Sama, a BRK Ambiental que é a concessionária de esgoto e tratamento, e a Sabesp que é a fornecedora. Queremos um modelo que traga investimentos.
LA – Mas qual seria esse modelo, prefeito?
AJ – Seria um modelo dividido em três partes. Não é impossível que isso aconteça, pois a BRK é uma das acionistas da Sabesp.
LA – Mas como seria essa tríplice divisão?
AJ – Temos que conversar com a direção da Sabesp, com o Paulo Massato para que possamos apresentar. Já tive algumas conversas com a BRK sobre o assunto, me apresentaram alguns estudos, já formalizaram o interesse neste modelo.
LA – Mas eles continuariam com a gestão do esgoto?
AJ – Sim, mas junto com a Sabesp e acabaria com a questão da dívida. O que colocaríamos na mesa? O abatimento total da dívida que Mauá tem e que a cidade possa ter a CND (Certidão Negativa de Débito), provar que não deve mais nada no saneamento.
LA – De quanto é a dívida?
AJ – De R$ 1,5 bilhão (na verdade é de R$ 1,9 bilhão)
LA – Em relação a área da Educação. O senhor se reuniu com o comando da Secretaria Estadual da Educação. O que podemos esperar de avanços para esta área?
AJ – Já entregamos uma escola (Escola Municipal Alice Túlio Jacomussi) de 380 vagas sendo 170 delas em período integral. Esse ano já entregamos uma FIEC – Fábrica Integrada de Educação e Cultura, a primeira do Estado com este modelo municipal. Entregamos a creche Martin Luther King e agora com o Governo do Estado ganhamos quatro presentes, sendo dois já confirmados. A escola da Vila Mercedes que ficou fechada por muito tempo e que serviu apenas para almoxarifado da Delegacia de Ensino, agora voltou para as mãos da Prefeitura e vamos transformá-la em uma creche para atender os moradores daquela região, o Estado vai fazer a reforma e entregar com condições. Vamos abrir até março do próximo ano. E no segundo semestre vamos ter um segundo grande presente a escola estadual da Vila Falchi, que parte dela não é utilizada e que agora vai ser utilizada pelo Município e vamos abrir novas vagas para os moradores da Vila Falchi e região, tudo isso sem custo com mão de obra. O grande ponto aqui é a questão da valorização da Educação. Nós trouxemos uma faculdade de medicina para Mauá e agora teremos um novo grande presente o aumento do campus da Uninove. Vamos ter um campus da Uninove, no centro da cidade, no antigo Shopping Green Plaza.
LA – Prefeito, muitas pessoas ainda não entenderam como a então prefeita interina Alaíde Damo decretou um estado de calamidade financeira alegando que havia um problema, o senhor retorna, dá fim ao decreto e consegue estes investimentos. Qual que é o impasse neste assunto?
AJ – É que aqui tem um prefeito que trabalha. Eu entro na Prefeitura às 7h e não às 5 da tarde, e saio às 11 da noite. Eu não transfiro responsabilidade, eu não coloco nas mãos de parentes. A administração da cidade é minha, a responsabilidade é minha, o povo votou no Atila. Têm buscar recursos, tem que ser criativo, tem que trabalhar, essa é a diferença, o trabalho, eu não fico fazendo críticas.
LA – A Alaíde Damo procurou o senhor neste período para conversar?
AJ- Inclusive eu peço, vice-prefeita venha trabalhar, venha participar do governo.
LA- Ela não está trabalhando?
AJ – Ela tem que vir trabalhar, mas ela não veio. Até o momento ela não veio trabalhar após o nosso retorno, espero que ela venha trabalhar, venha dar ideias, às portas estão abertas. A senhora foi eleita e a senhora tem que vir trabalhar.