Com a fala do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), nesta semana, afirmando que o Ministério do Trabalho e Emprego perderia seu status ministerial e que seria incorporada em outra pasta gerou polêmicas entre os militantes da área. Em entrevista exclusiva ao RDtv, nesta sexta-feira (9), o secretário estadual das Relações do Trabalho, Cícero Firmino da Silva, o Martinha (SD), tal iniciativa atrapalhará a luta pelo direito dos trabalhadores e cobrou que o Ministério continue, mas com um melhor gerenciamento.
“É uma questão lamentável. Eu acredito que do ponto de vista do movimento sindical e dos movimentos sociais, dos trabalhadores, nós temos que ver isso como uma falta de respeito, uma desconsideração ao movimento sindical e aos trabalhadores de um modo geral”, disse o secretário que está no movimento sindical há 40 anos.
Para Martinha, tal situação pode atrapalhar os auditores trabalhistas na fiscalização em relação ao respeito às leis trabalhistas e também em relação aos direitos dos trabalhadores. O secretário considera que caso seja confirmado o fim do Ministério do Trabalho e Emprego será “sentida de forma mais clara a reforma trabalhista”, aprovada pelo governo de Michel Temer (MDB).
Segundo o sindicalista, os movimentos sindicais já iniciaram as primeiras tratativas em relação aos futuros protestos que podem ocorrer caso seja confirmada a vontade de Bolsonaro. Martinha aguarda o convite para que possa participar destes encontros e dar os seus “pitacos”.
Até o momento o único protesto que ocorreu foi em frente a sede do Ministério, em Brasília, aonde funcionários se manifestaram contra o fim da pasta e teceram uma série de críticas a iniciativa do próximo mandatário da Nação.
O Ministério do Trabalho e Emprego foi criado no dia 26 de novembro de 1930, no início do primeiro governo de Getúlio Vargas (morto em 1954). Na época, a pasta foi denominada como Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.
Nos últimos anos, tal pasta acabou ganhando uma participação maior dos movimentos sindicais, principalmente após o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2003. Apesar do cenário, a forma de como o Ministério foi administrado nos últimos anos acabou causando uma série de críticas dos próprios sindicalistas.
“Infelizmente nós tivemos durante o governo Dilma (Rousseff, PT) uma grande dificuldade de diálogo, pois toda hora mudavam os funcionários e isso criou uma dificuldade grande no debate. Todos sabem que fui convidado para assumir uma Secretaria no Ministério e o meu objetivo era chamar várias pessoas para debater o futuro do Ministério”, disse Martinha.
O secretário considera que o momento exige não apenas uma reflexão sobre as melhorias na pasta federal, mas também dentro do movimento sindical que vem perdendo força nos últimos anos com o fim da obrigação da contribuição sindical. Para Martinha, chegou o momento do movimento também melhorar seu trabalho junto aos trabalhadores.