Duas mil pessoas encaram, diariamente, uma fila que pode durar horas na busca de um direito básico, o acesso ao medicamento que precisa. Há anos que a região cobra a descentralização da distribuição dos remédios de alto custo do Estado, porém sempre acontece algo para impedir que a proposta possa deixar de ser uma ideia. A cada dia, todos aqueles que acessam o Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, se perguntam: até quando vamos esperar?
A enorme demanda por remédios de alto custo já virou a maior prova possível de que não dá mais para os governantes estenderem uma promessa que cada vez mais parece uma lenda urbana. Neste ano já foi mais do que provado que a região, incluindo os prefeitos, já deixou abertas todas as possibilidades para que haja a descentralização, porém a espera por uma movimentação do governo do Estado apenas aumenta a irritação do eleitor.
Quantas reportagens ainda precisam ser feitas para que o governador em exercício possa tomar uma atitude em relação ao caso? Qual é a quantidade de requerimentos de vereadores das sete cidades que precisam ser direcionadas ao Palácio dos Bandeirantes para haja uma solução?
Enquanto essas respostas não vêm, a população ainda tem de conviver com outra promessa que já deveria ter sido executada, que é a instalação da Cross regional. A Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde prometida pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB), antes de deixar o cargo, em março, está cada vez mais com cara de promessa de campanha do que exatamente de algo que vai virar realidade.
O histórico da necessidade de descentralização dos remédios de alto custo no ABC é relatos tristes, de cidadãos doentes à espera de socorro que nunca aparece. Fica até difícil de entrar em outras demandas da área da Saúde para o ABC, como o aumento de repasses ou mesmo a construção de um terceiro hospital estadual para atender a microrregião de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.