As promoções da Black Friday atraem milhares de consumidores ao comércio eletrônico e também às lojas de rua. Este ano, a expectativa de vendas é 19% superior ao resultado do ano passado e um recorde financeiro de R$ 2,5 bilhões no País, segundo expectativa do site Busca Descontos, responsável pela Black Friday no Brasil, que acontece dia 23. No Estado de São Paulo as vendas devem chegar a R$ 915 milhões.
As lojas já oferecem promoções, antes mesmo da data. Os produtos mais vendidos são smartphones, televisores e eletrodomésticos. As unidades do Procon e a Proteste estão atentos para garantir que o consumidor realmente ganhe descontos. Desde 2016 o Procon de Diadema pesquisa os preços antes da data e divulga lista com os preços médios. “O Procon divulga tabela com lista dos preços, para que o consumidor veja se o desconto compensa”, comenta a diretora, Denise Ventrici.
O diretor do site Busca Descontos, que em 2010 trouxe a Black Friday para o Brasil, Ricardo Bove, orienta o consumidor ficar atento. “Deve-se verificar a segurança do site, se tem o cadeado na barra de endereços do site e preferir comprar em grandes lojas. Isso porque 80% das vendas da Black Friday são pela internet”. Outro olhar é sobre a maquiagem que é a alteração do preço normal, para que o desconto pareça mais atraente. “Isso acontecia muito nas primeiras edições porque os lojistas não estavam atentos, não se preparavam para a data, agora isso é menor, porque os órgãos de defesa do consumidor bem atentos”, comenta.
Para o advogado especialista em direito do consumidor, Wagner Rubinelli, quem vai comprar deve acompanhar os preços. “Os consumidores devem pesquisar para saber o preço daquele produto 60 dias antes, para ver se não ocorre a maquiagem dos descontos. A pessoa tem de ficar muito atenta, pois apesar do nosso Código de Defesa do Consumidor ser muito detalhado em caso de problemas na compra, o cliente terá de enfrentar a demora do Judiciário”, aponta.
O advogado diz ainda que as unidades do Procon estão deficientes. “O governo do Estado não investe e faltam funcionários. As conciliações demoram e muitas vezes não há solução, resta ao consumidor que se sente lesado recorrer ao Judiciário. Por isso, antes de ter problemas, o consumidor tem de se cercar de cuidados”, resume.
Impulso
Para o professor de economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), José Robinson Paiuca, a primeira coisa que o consumidor tem de se perguntar é se precisa do produto. “O brasileiro tem essa impulsão para comprar, o que é bom porque movimenta a economia, mas ele também tem de poupar, o que o nosso consumidor não está acostumado. A palavra chave é ter autocontrole, ser inteligente e ver primeiro a utilidade que aquele bem tem”.
O economista conta que o cartão de crédito é interessante, se bem utilizado. “Quando uma loja vende em 10 vezes sem juros, isso não é verdade porque o juro está embutido. Se a prestação está no orçamento tudo bem, pague no crédito, mas tenha sempre em mente que se pagar o mínimo da fatura, o juro pode ser de 14% ou 15% ao mês. Outra forma de adquirir um produto é guardar um pouco todo mês e comprar à vista”, indica.
Paiuca dá dicas como: se for comprar compre o novo, porque isso faz girar a economia e gera empregos; comprar produtos nacionais, porque geram emprego e recursos no País; e optar pelo pagamento à vista, com desconto maior do que o preço anunciado.
São Bernardo e Santo André estão no Top 20
Na oitava edição da Black Friday, o ABC está entre as cidades com maior expectativa de vendas este ano. São Bernardo e Santo André estão entre as 20 maiores em termos de expectativa de vendas. Segundo Ricardo Bove, diretor do site www.blackfriday.com.br, isso se explica pelo potencial de consumo na região. A expectativa de vendas, na ordem dos R$ 55 milhões nas sete cidades durante as promoções, é 19% superior às vendas do ano passado e segue a mesma projeção nacional.
A estimativa de vendas em São Bernardo é de aproximadamente R$ 24 milhões, o maior volume estimado na região e o 12° no ranking nacional. O segundo é Santo André, com R$ 20 milhões e na 17ª posição no Brasil. São Caetano espera vender R$ 4 milhões; Diadema, R$ 3,5 milhões; Mauá, R$ 3,2 milhões; Ribeirão Pires, cerca de R$ 675 mil; e Rio Grande tem expectativa de vender R$ 172 mil durante a Black Friday.
A Black Friday, que já foi considerada prévia das vendas de fim de ano, já se consolidou como uma data bem separada do Natal. Isso porque a característica das vendas é diferente. “Em geral o consumidor compra produtos para ele mesmo ou para a casa, enquanto no Natal se compra para presentear. São produtos mais caros, como geladeiras e televisores, coisas que o consumidor pode esperar e se planejar para comprar quando o desconto for maior”, explica Bove.