Caracterizado por perseguição constante, ofensas e agressões, o bullying é um dos desafios que as escolas devem estar preparadas para combater. Com uso da arte, diálogo e informação, escolas de Santo André trabalham com campanhas de conscientização contra a prática para criar ambiente de aprendizagem acolhedor e inclusivo.
O Colégio Stocco, em Santo André, tem ação há pelo menos dez anos. Em 2018, a escola decidiu inovar e organizou concurso de cartazes contra o bullying com os alunos do 3º ao 9º ano do ensino médio.
Luciene Baroni, orientadora pedagógica do colégio reforça a importância de estratégias que motivem reflexão dos alunos. “O próprio estudante coloca a mão na massa e dá ideias para combater o bullying”, explica. São 67 alunos inscritos para o concurso, que receberá as artes até 21 de novembro. A premiação será feita em 30/11, junto com a comemoração do Dia de Ação de Graças.
Na ocasião, autores dos três melhores cartazes de cada ano receberão medalhas de honra ao mérito e os primeiros lugares recebem também um kit artístico. A escolha é feita por votação dos alunos da escola.
A orientadora explica que o trabalho realizado pela escola tem duas etapas e dialoga com o agressor e agredido. “Quem comete tem que entender que é errado, e quem sofre aprende a não ter medo”, explica. Segundo a especialista, o trabalho de conscientização apresenta resultados a curto prazo. “Quando acontece algo é bem pontual. Conversamos, os alunos pedem desculpas e resolvemos”, diz. Reforça ainda que é importante estar atento aos sinais que podem indicar que a criança sofre bullying, como queda no rendimento escolar sem motivo e falta de motivação.
O Educandário Santo Antônio, também em Santo André, adotou há cinco anos o programa O líder em Mim como medida preventiva contra o bullying. Nele, os alunos da educação infantil ao 9º ano do ensino fundamental se deparam com situações cotidianas que podem originar a violência e então elaboram soluções.
Nathalie Lunardi Michelini, coordenadora do ensino fundamental destaca ações promovidas pelo programa como o pensamento ganha-ganha, que estimula a busca por benefício mútuo; o hábito de compreender para ser compreendido, valores e princípios e a criação de sinergia que promove o trabalho em equipe. “Com essas ações, que estimulam também a proatividade, os alunos são incentivados a resolver os problemas entre si por meio do diálogo. E só se necessário, chamamos a família dos envolvidos”, diz.
Michelini destaca a grande aceitação das aulas aos alunos até o 5º ano. Com as demais faixas etárias, a resistência é um pouco maior, mas ainda assim a participação é satisfatória. “Muitas vezes nos surpreendemos com atitudes deles”, conta referindo-se ao episódio no qual os alunos do 9º ano se organizaram para distribuir panfletos para a doação de sangue a um funcionário da escola.