Não foi apenas a indicação de ‘candidatos do governo’ que fez o cenário político dos sete municípios ser levado em conta no primeiro turno das eleições de 2018. Segundo o professor, pesquisador e especialista em mídias sociais para a área política, Flávio Augusto, as polêmicas das administrações municipais do ABC também influenciaram no comportamento do eleitor.
Mauá é o principal exemplo da teoria de Augusto. “Não preciso nem dizer o que ocorreu em Mauá para chegar nesse ponto de ter um forte número de votos em branco e nulos. Os eleitores acabam desacreditando na política e isso causa esse tipo de cenário onde a maior parte dos eleitores acabam não escolhendo candidatos por não acreditar em nenhum deles”, explica.
Se levar em conta apenas os dados referentes aos votos para governador, 21,66% dos votos foram nulos, o maior percentual da região, com mais de três pontos percentuais a mais que o segundo colocado, Rio Grande da Serra (18,21%). Em 2014, Mauá também liderou este ranking, porém com um percentual menor (13,3%) e com uma diferença menor para a cidade com a segunda maior percentagem do ABC, Santo André (12,33%).
Em relação aos votos em branco, Rio Grande da Serra fica em primeiro com 8,98%, em segundo vem Diadema com 7,9% e Mauá está em terceiro com 7,86%. No caso dos votos que foram anulados, ou seja, os votos que foram para candidatos que estavam indeferidos, Mauá lidera com 1,84%.
Outra cidade que chamou a atenção do pesquisador foi Diadema, única cidade onde Luiz Marinho (PT) venceu com 80.066 votos, quase 50% a mais que João Doria (PSDB) que teve 44.798. “Temos de lembrar que o PT, em outras cidades do ABC, não tem união e isso atrapalha. Pensando no histórico de Diadema com o partido, fica fácil entender a vitória do Marinho por lá”, disse a lembrar que os petistas comandaram a cidade por 26 anos não consecutivos.
Redes sociais
Flávio Augusto considera que o primeiro turno das eleições de 2018 teve influência das redes sociais, porém não como elemento solitário. “As pessoas queriam saber quem era o candidato e isso é feito com as redes sociais, mas também com a relação nas ruas. O que me chamou atenção é que aquele que resolveu aliar sua imagem a do Jair Bolsonaro (PSL) acabou se dando bem e isso ajudou a tirar série de candidatos fortes na região, vide o caso de Santo André”, diz.
O pesquisador destacou o fato de Santo André deixar de ter algum parlamentar a partir de 2019, pois o deputado estadual Luiz Turco (PT) não foi reeleito. “Foi impressionante, pois a cidade tinha fortes candidatos. Apesar de tudo isso, considero que o prefeito Paulo Serra (PSDB) não terá problemas em 2020”, afirma.