Por Jozimeire Stocco*
Há algum tempo, a mídia tem divulgado sobre a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que é um documento que orienta as escolas a formularem suas Propostas Pedagógicas e que apresenta 10 competências a
serem desenvolvidas com crianças e jovens. Tenho realizado cursos de formação sobre a Base e orientado aos
professores e gestores, em especial.
Nesse mês, quero destacar a 10ª competência que consta na BNCC: Responsabilidade e Cidadania, entendida como o agir pessoal e coletivamente, com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Qual a razão que me direcionou a escolher esse tema?
Noutro dia comecei a pensar mais intensamente qual mundo desejamos para essa nova geração e me questionei: “O que as famílias e escolas têm feito em relação ao meio onde vivemos para que ele seja preservado? Quais são as
nossas ações locais que implicarão num mundo melhor para todos?” Desde pequenas as crianças podem aprender a como cuidar do espaço onde moram e estudam. A família e a escola têm responsabilidade no ensino e promoção de atitudes que instigam essa nova geração a atuar de maneira mais sustentável, ética, solidária e crítica.
Observo que há necessidade de adotarmos ações que não degradem o meio ambiente, tais como: descarte irresponsável de resíduos, contaminação do solo e desmatamentos para que vivamos num mundo em que os indivíduos supram suas necessidades sem afetar as gerações futuras, preservando os recursos sem desperdiçá-los e sem extrair o máximo do que está disponível na natureza.
Por meio de estudos, verifiquei que o termo sustentabilidade foi utilizado pela primeira vez em 1987, por Gro Harlem Brundtland, uma política, médica, líder internacional em desenvolvimento sustentável, e ex-primeira-ministra da Noruega, que atuou como presidente da Comissão Brundtland da Organização das Nações Unidas, que foi criada para reexaminar as questões críticas relativas ao meio ambiente e reformular propostas realísticas para abordá-las, além de propor formas de cooperação internacional. Essa Comissão elaborou um Relatório denominado Nosso Futuro Comum (Our Common Future) que propôs a associação da preservação ambiental com o desenvolvimento econômico das nações.
Diante das constatações dos membros dessa Comissão, foram elaborados, posteriormente, vários documentos, tais como a Agenda 21, na ECO-92, que aconteceu no Rio de Janeiro e que estabeleceu a importância de cada país se comprometer a refletir, global e localmente em todos os setores da sociedade e cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais. Nesse sentido, de lá para cá várias ações foram realizadas e a BNCC incorporou esse propósito ao estabelecer a 10ª Competência. Contudo, para mim, na formação das crianças e adolescentes, as escolas precisam contar com o apoio das famílias e não podem (e nem devem) assumir sozinhas essa formação cidadã.
Assim, recomendo que, em parceria, incorporem ações que promovam a sustentabilidade, observando, dentro do que concebem como seus papéis, que é importante e possível:
1) Conversar sobre consumismo
2) Fazer reciclagem de resíduos
3) Evitar desperdício, tais como alimentos e recursos hídricos
4) Elaborar uma horta de legumes, verduras ou ervas. Há muitas dicas nas redes sociais sobre como viabilizá-las
5) Ingerir alimentos orgânicos que não contém agrotóxicos
6) Evitar comprar produtos que estejam em embalagens não recicláveis
7) Visitar espaços de reciclagem
8) Descartar o lixo adequadamente
9) Apagar as luzes de ambientes que não precisam de iluminação
10) Desconectar carregadores dos celulares, videogames, TVs, aparelhos de som, entre outros, quando não estiver utilizando, para não consumir energia de maneira desnecessária
11) Passar adiante roupas, calçados e brinquedos que não se usa mais
12) Visitar sebos para a aquisição de livros
13) Evitar a poluição ambiental
Há muitas outras atitudes a serem incorporadas, mas deixo para cada um pensar e reinventar o seu dia a dia e, destaco, que é vital ensinar por meio de atitudes e não apenas por palavras, que nossos filhos nos observam o
tempo todo e podem adotar, conosco e com a escola, posturas contra a cultura do desperdício, por um mundo mais sustentável.
*Jozimeire Stocco, Pós-doutoranda em Educação pela PUC/SP, Doutora em Educação pela PUC/SP, Especialista em Educação Infantil*