Exigências desafiam desempregados

Rodrigo Mello da Silva apostou em outras áreas (Foto: Pedro Diogo)

Mesmo que o ABC tenha fechado o primeiro semestre de 2018 com geração de 9.106 empregos – 70% a mais que no mesmo período de 2017 –, muitos jovens na idade ativa não conseguem inserção no mercado. Uma das razões é a forte exigência por experiência e especialização.

É o caso de Rodrigo Mello da Silva, 35, morador do Jardim Silvana, em Santo André. Com experiência em movimentação de veículos industriais, manutenção de equipamentos e passagem por empresas internacionais, não consegue recolocação. “Fiz até curso de pilotagem de avião, mas não consegui emprego, pois exigem inglês fluente”, afirma.

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Para driblar, Silva apostou no trabalho de motorista de aplicativos, que não durou muito. Agora, ao cursar jornalismo enfrenta dificuldades para estagiar “Creio que seja por conta da idade. Penso estar querendo algo que devia ter iniciado aos 18 anos”, diz desanimado.

A história se repete com Fernanda Paschuini de Sousa, 20, moradora do Centro de Santo André. Prestes a se tornar comissária de bordo, apostou em outras áreas enquanto se prepara para atuar na área. “Trabalhei como recepcionista por falta de oportunidade. A maioria das vagas são preenchidas por indicação”, afirma.

A pesquisa de agosto do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que somente no segundo trimestre de 2018, o número de pessoas que transitaram do desemprego para inatividade chegou a 22,4%, maioria jovens.

Concorrência aumentou 30%

Na visão de Cássio Mattos, vice-presidente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Recursos Humanos, a ABRH-Brasil, o avanço da tecnologia modificou a cobrança das empresas. “O mercado exige inovação contínua e os candidatos devem acompanhar para ter espaço”, ressalta. Com a crise econômica, Mattos conta que aumentou pelo menos 30% o grau de competitividade e os cursos de idiomas e tecnologia são opções para aperfeiçoar o currículo.

A abertura de microempresa e o trabalho autônomo também são opções aos desempregados. Somente no ABC, 99.813 MEIs (microempreendedores individuais) já foram formalizados. Paulo Sergio Cereda, gerente do Sebrae-ABC, explica que, embora novo, cerca de 10 anos, o empreendedorismo tem crescido e se tornado fonte de renda para muitas famílias. “Abrir o próprio negócio é um risco. O iniciante deve partir da necessidade do mercado, de um diferencial e do nicho que se quer preencher”, ensina.

Para auxiliar os interessados, o Sebrae abriu o Super MEI Gestão, com cindo dias de capacitações gratuitas no Escritório Regional, em Santo André. As aulas abrangem planejamento, controle, formação de preços, vendas e inovação. Inscrições: 0800-570-0800.

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