A coronel da Polícia Militar, Eliane Nikoluk (PR), candidata a vice na chapa do governador Mário França (PSB) disse que a meta do chefe do Executivo estadual, caso reeleito, é cobrir todos os claros da Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Científica, com a contratação gradual de pelo menos 10 mil policiais para todo o estado. A reposição dos quadros das polícias seria feita de forma gradual, respeitando a capacidade das academias de treinamento, segundo relata Eliane, que tem quase 30 anos de Polícia Militar, é filha de policial e deixou a corporação faltando 190 dias para se aposentar da carreira, atendendo o desejo de participar mais e, como ela própria diz, “cuidar das pessoas”. A coronel concedeu entrevista ao jornalista Leandro Amaral, do RDTv, nesta terça-feira (18/09)
Ela conta que nunca tinha cogitado entrar para a política. “Eu sou filha de um policial militar e de uma professora, o que eu queria ser era policial. Lembro-me que, nos anos 70, teve uma chuva muito forte em Campos do Jordão, teve pessoas soterradas. Vi meu pai e outros policiais cheios de lama socorrendo as pessoas, tirando cavando e salvando as pessoas. Essa imagem me marcou e eu disse que um dia eu seria daquele jeito, ia proteger as pessoas, ser igual a ele”.
Mas não foi por ter sido filha de Policial Militar – seu pai chegou a comandar a PM no ABC – que ela teve uma trajetória mais fácil. Ela entrou na Academia do Barro Branco, há mais de 30 anos em uma turma de 15 mulheres, para uma academia com mais de 800 homens. “Aprendi com outras áreas, na PM a gente trabalha com as consequências de outras áreas, como saúde, emprego e a gente acaba vivenciando outras áreas de gestão. Eu pensava em terminar meus 30 anos de polícia, mas acabei sendo convencida a entrar para a política por amigos e pela minha filha de 23 anos, que está terminando o curso de química, e me disse que estava pensando em sair do Brasil. Aquilo me chocou porque meus avós russos e poloneses vieram para o Brasil porque aqui era a terra de oportunidades. Como pode abandonar o país que tem tudo de bom? Então resolvi dar minha cara a tapa, inicialmente como deputada estadual, até que recebi o convite do governador Márcio França e topei o desafio”, contou sobre a trajetória que a levou à candidatura.
Como responsável por garantir uma boa política de segurança pública e ser a conselheira principal do governador nesta área, Eliane diz que usará sua experiência de ter comandado por mais de 4 anos a PM na região do Vale do Paraíba, composta por 39 cidades. “Eu tenho uma preocupação muito grande com as pessoas, como comandante eu lembro que meu esforço era todo empenhado em dar condições para eles (policiais) trabalharem. Outro ponto é que procurei enxergar o trabalho em rede, aprendi isso com a Defesa Civil. No meu comando eu busquei isso, polícia militar, civil, técnica, ambiental, rodoviária, faziam operações conjuntas, discutíamos conjuntamente, até com as forças armadas, e isso trouxe bons resultados”.
Agora essa experiência ela terá que usar para enfrentar um dos maiores problemas da área da Segurança que é a falta de efetivo. “É um compromisso do governador, cobrir esses claros, mas isso não pode ser desculpa, para falhas. O ABC tem a melhor polícia do Brasil, tem as guardas municipais que têm um papel fundamental devem que estar integradas. Vamos ver onde estão os principais problemas e, cada qual com os seus recursos, combinar operações conjuntas e procurar, juntos, canalizar o esforço para o mesmo lado. Tem que dar condições, completar o efetivo, dotar as polícias com equipamentos e viaturas, mas não só isso, dar também condições de aperfeiçoamento e treinamento conjunto”.
Uma das propostas caso a chapa Márcio França / Eliane Nikoluk, ser eleita é resolver a questão salarial dos policiais, que também é um dos compromissos. Além disso, segundo a coronel, a intenção é ampliar o sistema Detecta, dotando as cidades com tecnologia de monitoramento. “O sistema detecta dá resultado tanto para a polícia preventiva, como investigativa. Precisamos parar de ficar enxugando gelo”
O estado de São Paulo conta com cerca de 83 mil policiais. Parece muito, mas praticamente todas as unidades contam com deficiências no efetivo. “A previsão é ter mais, existe um claro no efetivo que hoje não está completo, temos 2,4 mil policiais em formação e a previsão contratar 7,6 mil para PM 2,7 para a Polícia Civil, para complementar o quadro de forma gradual, além de agregar tecnologia”.
Sobre um dos gargalos da segurança do ABC, a avenida Almirante Delamare, entre a Capital e São Caetano, onde os motoristas são constantemente vítimas de assaltos no trânsito, a coronel disse que o segredo é a integração e o uso da tecnologia. “Medidas estruturais como iluminação e a instalação de câmeras, em parceria com os municípios, têm dois fatores: previne, porque o bandido vai escolher outro lugar, e ainda vai ajudar a prender quem fez o crime”.
A candidata a vice-governadora comentou sobre a proposta de transferir a Polícia Civil para a Secretaria de Justiça. “É uma proposta que está em estudo, foi uma ideia para tornar mais forte as polícias, com orçamentos separados. Não tem como prestar bons serviços se tem um efetivo incompleto, a ideia é melhorar as condições das delegacias”, concluiu.