As evidentes divisões que observamos na atualidade do Brasil estão para além das ideologias e partidos. As famílias e os grupos sociais convivem com radicalismos que beiram a extremismos e que tantas vezes inibem o necessário dialogo.
Ou seja, na política uma espécie de Corinthians x Palmeiras dos jogos de futebol não admite a possibilidade de duas torcidas conviverem no mesmo estádio, o que é um evidente absurdo.
Apelidos e adjetivos encerram prematuramente debates cujas ofensas são marcas registradas o que não possibilita a essência da política: o dialogo.
É fato que uma boa parte da sociedade não tem sido estimulada apenas pelos discursos para participar deste processo motivo pelo qual se faz necessário desvendar os elementos capazes de mobilizar na atualidade as esperanças e os sonhos.
É neste momento que mais de uma centena de corajosos candidatos do Grande ABC sejam a deputado estadual e federal entram na disputa eleitoral de 2018. Neste tempo fica uma evidente questão: Qual deve ser o centro do debate?
Acredito que se faz necessário construir uma agenda capaz de materializar um projeto regional de desenvolvimento.
Para que um projeto desta natureza seja realizado deve-se combinar a força política dos governos locais e a pulsante participação da sociedade civil inspirados nas iniciativas regionais criadas no final dos anos de 1.990 na região do Grande ABC paulista onde as marcas de uma nova institucionalidade eram desenhadas.
A construção do Consórcio Intermunicipal de Prefeitos instalado em dezembro de 1990 com a anuência do governador Mario Covas com a participação dos sete prefeitos sob a liderança do então prefeito de Santo André, Celso Daniel foi um sinal de alento movido pelo sentido de colaboração e reciprocidade.
O Consórcio foi na época a resultante da união das sete cidades sob a missão de articular políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da região, um espaço permanente na busca de consensos. Afinal de contas era necessário romper uma imagem de tantos conflitos que marcaram a região nos anos de 1.980.
Entre os pontos elementares para a construção de uma agenda para o futuro da região do Grande ABC destaco:
A construção de uma agenda que deve ser focada no desenvolvimento e que precisa ir além dos temas relacionados ao crescimento econômico. O desenvolvimento possui múltiplas dimensões a serem consideradas.
É essencial a construção de uma agenda nacional de desenvolvimento, no entanto é elementar pensar os caminhos do ponto de vista local. E para tanto é preciso compreender quais são as possibilidades da vocação local/regional.
É essencial considerar a regionalidade como sendo um valor estratégico para a efetividade das perspectivas do desenvolvimento.
O desenvolvimento pressupõe dialogo e pluralista independente dos diferentes partidos. A agenda é baseada na construção coletiva de sujeitos inquietos que não se cansam de apostar em projetos factíveis.
Na contemporaneidade é essencial uma nova governabilidade onde os sujeitos sociais deixam de ficar apenas a reclamar das diversas crises nacionais ou locais. É fato que as crises impactam a realidade, no entanto os sujeitos sociais reconhecem o quanto se pode encontrar de nichos e brechas diante de uma enorme complexidade com conexões cada vez mais global.
As diferentes leituras que realizamos nas empresas, nos governos e nas organizações sociais são o ponto de partida para a consolidação de um diagnóstico mais amplo complexo possível.
Estou certo que esta não é será uma tarefa simples, mas tenho convicção de que se faz necessário abrir a conversa e que juntos a sociedade vai reencontrar o caminho!
(Edgar Nóbrega é professor, consultor, mestre em economia e doutor em ciência política)