Câmara ignora abandono da Fábrica de Sal em Ribeirão

Depredado, prédio é frequentado por usuários de drogas (Foto: Pedro Diogo)

Desde seu fechamento, em 2009, a situação da Fábrica de Sal, localizada no Centro Alto de Ribeirão Pires, nunca esteve tão crítica como agora. Com problemas estruturais que se arrastam há anos com telhas, vidros e portas quebradas e tomada por usuários de drogas, o patrimônio histórico que devia ser utilizado como opção de lazer, tornou-se até cenário de casos de suicídio, reflexo do abandono e falta de segurança.

Para tentar solucionar o imbróglio, em agosto, o Executivo encaminhou à Câmara projeto de lei com proposta de destinação e uso do espaço, mas o Legislativo sequer discutiu a proposta. “Fizemos o mais difícil; conseguimos a titularidade do terreno, liberação para restauro e até encontramos um parceiro para resolver o problema de destinação. Não entendi até agora por qual motivo os vereadores ainda não votaram o projeto”, disse o prefeito da cidade, Kiko Teixeira.

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Após tombamento pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), o edifício da Fábrica de Sal, com 120 anos de existência, foi abandonado. De acordo com a Prefeitura de Ribeirão Pires, desde 2017 o governo trabalha junto à equipe técnica do Sesi/Fiesp para viabilizar a restauração.

Para que a proposta seja viabilizada, o governo aguarda aval dos parlamentares. Caso a medida seja aprovada, o Paço deve remanejar os serviços da Escola Municipal Lavínia Figueiredo Arnoni e o acervo da Biblioteca Municipal Olavo Bilac – que hoje dividem espaço com a Fábrica de Sal – para o prédio onde atualmente está a Secretaria de Educação, também no Centro Alto, a fim de ceder o local para a construção do novo Sesi.

Instalação é tomada por pichações (Foto: Pedro Diogo)

Contatado pela equipe do Repórter Diário, o presidente da Câmara, Rubens Fernandes da Silva, o Rubão (PSD), não foi localizado, nem através de seu telefone pessoal, nem via assessoria de imprensa. O líder do governo, Silvino Dias de Castro Filho (PRB), informou por meio de nota que o projeto será votado em sessão extraordinária na próxima quinta-feira (20/9).

Construção do novo SESI

A atual unidade do Sesi, atende atualmente 760 alunos dos ensinos fundamental e médio e também precisa de obras de modernização e ampliação estrutural para um novo espaço com 5 mil m².

A construção do novo equipamento terá investimento de R$ 26 milhões e as intervenções devem iniciar em 2019, porém, somente após aprovação do projeto de lei pelos vereadores, será possível a formalização e doação de terreno por parte da Prefeitura. Já o atual posto do Sesi no município, assim que desocupado, retornará para posse do município.

Enquanto a Fábrica de Sal segue sem definição sobre seu futuro, os comerciantes reclamam da falta de investimento na região. Mesmo com o projeto de destinação do espaço, são poucos os donos de estabelecimentos que restaram próximo ao equipamento histórico. Esses poucos que ainda permaneceram estão esperançosos com a construção da unidade escolar. A depreciação e falta de segurança são alguns dos motivos que levaram ao fechamento de comércios.

“Precisamos de serviços básicos e incentivos que tragam a população para a parte alta da cidade”, pontuou Edvaldo Vilar, proprietário da Ferragens Vilar há pelo menos 20 anos. Para manter o trabalho, o comerciante é obrigado a abrir as portas aos domingos. “Estamos esquecidos no Centro Alto e não será a construção de uma escola que melhorará a situação”, completou.

Já a cabeleireira Edivânia Carvalho, conhecida como Xuxa, que tem o salão em frente a Fábrica de Sal há pelo menos cinco anos, conta que a insegurança foi o fator que afastou os comerciantes. “Muitos fecharam pela insegurança. Eu mesma fechava o salão às 22h e agora às 19h já tenho que fechar a porta para não ser assaltada”, disse.

Xuxa acrescentou ainda que a entrada e saída de alunos do Lavínia, no espaço da Fábrica de Sal, também deveria ser supervisionada por Guardas Municipais. “Se os pais não forem buscar dentro da escola, as crianças ficam a mercê da insegurança”, acrescenta.

 

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