Três testemunhas de acusação do caso que investiga suspeitas de corrupção na Secretaria de Meio Ambiente e Proteção Animal de São Bernardo, entre janeiro e outubro de 2017, negam que conhecem o ex-secretário e vereador Mario de Abreu (PSDB), um dos sete investigados sobre o caso. Das três pessoas ouvidas pelo juiz Leonardo Fernando de Souza Almeida, apenas uma relatou uma suposta ameaça, porém não soube explicar a relação com a investigação.
O RD teve acesso ao conteúdo de três depoimentos concedidos recentemente por testemunhas do Ministério Público (MP). Quando questionados sobre o fato de conhecerem o ex-secretário, duas das testemunhas negaram saber de quem se tratava e uma afirmou que só o viu uma vez, em uma das audiências realizadas no ano passado, mas que não teve contato direto com o tucano.
Em relação às ameaças que foram usadas como justificativa para o pedido de prisão preventiva dos sete suspeitos do caso e que foi acatada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), apenas Mario Strufaldi afirmou ter recebido uma mensagem de texto, porém não soube relacionar diretamente com o caso.
“Era uma ameaça assim: ‘Porque fez isso, não sei que lá’. Mas eu também não entendi, porque eu não estava ligando as coisas. Só depois que eu fui ligar as coisas, tá. Eu não entendi nada. Como eu tenho uma empresa, tenho funcionários, ás vezes acontece (frase inaudível) “poxa vida, quem será que é”. Eu não tinha nem noção”, afirmou Strufaldi que apagou a mensagem recebida.
Citados
Dois nomes foram citados por duas das três testemunhas: Izaias Antônio de Araújo e João Antônio Vieira Cambaúva. Nos dois casos, Cambaúva era o responsável por intermediar questões burocráticas dos pedidos de licença ambiental. Em relação a Araújo, os depoentes afirmaram que valores foram pedidos, porém não souberam dizer qual era a finalidade dos pedidos financeiros.
A testemunha nomeada como P.S.F. disse que Izaias pediu R$ 70 mil para finalizar a liberação de licenças para um terreno no bairro Alvarenga. Quando ouviu de Fernando Velasco que o mesmo não tinha dinheiro, teria afirmado para o depoente. “Se eu soubesse que era essa quebradeira, ou seja, quebradeira, essa falta de dinheiro, eu nem teria levado o caso para um secretário porque aí ele não tinha nada de cobrar de mim”. Segundo P.S.F., em nenhum momento foi relatada uma ordem direta de Mario de Abreu para falar destes valores.
No depoimento de O.B.M., a mesma fala foi repetida quando não houve o pagamento de outros valores pedidos para liberar as licenças para um terreno no bairro Baeta Neves. Nos dois casos, as testemunhas alegam que Izaias afirmava que tudo em relação as duas áreas estava sem qualquer tipo de impedimento legal. Ambos não souberam indicar se os valores eram para pagamento de taxas ou de propinas.