Um grupo de 30 mães, com bebês, esteve na manhã desta quinta-feira (12), no Terminal Vila Luzita, em Santo André, para apoiar a jovem Thaís Magalhães, 21, que alega ter sido impedida por seguranças da empresa Suzantur, no dia 3, de amamentar o filho Otto, de apenas um mês, nas dependências do equipamento, enquanto esperava ônibus. Para lembrar a todos que alimentar um bebê em espaço público é direito previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e não atentado ao pudor, as mães foram ao local e amamentaram os bebês.
O ‘mamaço’ ocorreu em frente às catracas na entrada principal. Fragilizada com o ocorrido e constrangida com os comentários negativos que recebeu nas redes sociais, Thaís não compareceu, mas foi representada pela irmã Janaina Santina, indignada com o caso. “Minha irmã estava apenas amamentando o filho de um mês de vida, um direito que foi repudiado por um problema de estrutura social machista”, comentou.
A psicóloga Letícia Gonçalves, 27 anos e do bairro Baeta Neves, em São Bernardo, foi apoiar Thaís. Com a pequena Catarina, de três meses no colo, contou que é comum ‘olharem torto’ quando amamenta em público. “Nos julgam, cochicham e não veem a importância de se alimentar um bebê”, disse a jovem, que exibiu a lei estadual número 16.047, de dezembro de 2015, que assegura à criança o direito de aleitamento materno e prevê multa para os que impedem a ação entre mãe e filho.
A causa também chamou atenção da empresária Barbara do Amaral, 38, moradora do bairro Jordanópolis, em São Bernardo, que compareceu com o filho de três meses. “Os olhares preconceituosos são machistas, em sua maioria, feitos por homens que veem a cena da amamentação com olhar sexual”, criticou. A mãe disse que esse comportamento masculino também a incomoda bastante.
Suzantur
No local, a Suzantur distribuiu uma nota oficial, em que reforça que não existem registros nas câmeras do terminal de funcionário que impediu a mulher de amamentar. A empresa informa que repudia atitudes como a relatada e que está sendo registrado um boletim de ocorrência, para que as autoridades competentes intervenham para elucidar o fato ocorrido no terminal. Este recebeu as mães com cadeiras, café e água, no entanto nenhuma sentou como forma de reprovação do ato.
Por meio de nota, a Prefeitura de Santo André considera inaceitável qualquer restrição ao direito da amamentação, que é garantido pela lei estadual 16.407/15. Estamos acompanhando o ocorrido por meio da SAtrans, autarquia que gerencia o transporte municipal, junto à Suzantur, administradora do terminal. Com base no resultado da apuração, constatado o fato relatado pela mãe, serão aplicadas as penalidades cabíveis à empresa concessionária.
De acordo com o pediatra Hamilton Robledo, do Hospital São Camilo, a composição do leite materno é ideal para o crescimento e desenvolvimento do bebê sem necessidade de complementação na alimentação. “Além de alimentar, o leite materno é rico em todos os nutrientes de que o bebê necessita para crescer saudável, e por este motivo, a amamentação deve ser vista como um ato de amor, não obsceno”, conta. Na composição, estão células de defesa do organismo, chamas de anticorpos, que passam da mãe para o bebê e apresenta diversas vitaminas, proteínas, carboidratos e energia.
Desde 2016, o direito de amamentar em espaços de uso coletivo, público ou privado passou a ser garantido por lei no Estado de São Paulo. A desobediência pode gerar multa de 24 unidades fiscais que equivalem a R$ 510 e em caso de reincidência o custo pode dobrar.